Diana Nicolau comprou bilhete de ida, sem volta. Voou de Lisboa para Barcelona, mas o destino era a América do Sul. Para trás, desde novembro do ano passado, já ficam 17 cidades, três países e mais de 19 mil quilómetros; pela frente, há, pelo menos, a vontade de parar em mais seis países, “muitas cidades e centenas de gente e histórias para conhecer”.
Diana Nicolau comprou bilhete de ida, sem volta. Voou de Lisboa para Barcelona, mas o destino era a América do Sul. Para trás, desde novembro do ano passado, já ficam 17 cidades, três países e mais de 19 mil quilómetros; pela frente, há, pelo menos, a vontade de parar em mais seis países, “muitas cidades e centenas de gente e histórias para conhecer”.
Depois de uma missão de voluntariado no Quénia, a atriz alcobacense percebeu que é “muito mais feliz” quando viaja, quando conhece “outras realidades” e quando supera “medos e obstáculos”. “Somos os únicos responsáveis pela nossa vida e quero fazer dela algo mais significativo e mais rico. Rica em experiências e em trocas. Foi por isso que decidi vir para a América do Sul, só com a minha mochila e sem bilhete de regresso”, conta a jovem, de 31 anos. “Que a vida é demasiado curta para um mundo tão grande toda a gente sabe, mas daí até tomar a iniciativa de pôr uma mochila às costas e ir desbravar terreno vai um longo caminho. Eu resolvi começá-lo agora”, acrescenta a atriz, que se estreou na televisão com a telenovela Ilha dos Amores, passou pelos Morangos com Açúcar e mais recentemente integrou o elenco de Mar Salgado.
Antes de partir, vendeu algumas coisas que tinha na Feira da Ladra, mas “a maior venda foi o desapego das amarras” que a prendiam “ao quotidiano e à segurança que tinha”. Porquê a América do Sul? Fácil. “A do norte não me seduz tanto”, responde.
Ao longo da viagem já teve a companhia de amigas e da irmã, por algumas semanas. “Elas vão e voltam e eu fico”, conta a alcobacense, para quem “o difícil é transformar o pior em melhor”. “Estar sozinho pode ser assustador e muito solitário. Mas quando se está sozinho, os nossos defeitos e qualidades batem-nos de frente e obrigam-nos a lidar com eles. Aprendi a apreciar a minha companhia de uma forma que antes nem pensava. Quando se viaja sozinho, nunca se está sozinho. Está-se mais predisposto a conhecer gente e a aventurar-se por outros caminhos. O pior é o cansaço de ter de estar sempre em alerta com tudo, segurança, caminhos, fazer planos, contar trocos”, confessa.
O melhor? “Aprender que posso viver apenas com o conteúdo de uma mochila e que posso ser feliz assim. Cada cabeça é um mundo e sinto que já lhe dei três voltas só pelas pessoas que já conheci e histórias que vivi”.
A atriz vai trabalhando pelos sítios onde vai passando, “para conseguir manter o pé na estrada” e diz fazer de “tudo sem problemas”, desde limpezas, jardinagem, cozinha, receção em hostels e pinturas. Garantindo que “para viajar não é preciso ter muito dinheiro”, deixa o conselho: “basta não ter medo de comunicar e tudo vem por acréscimo”.
A atriz admite que a viagem, além de a ter tornado “mais exigente, mais tolerante com os outros” e “mais conectada e atenta para o mundo“, mudará a forma como vai encarar a sua profissão. “Abriu os meus horizontes para tudo o que posso fazer no futuro. E serei igualmente feliz. A vida é demasiado curta para fazermos uma só coisa“, resume Diana Nicolau, que não sabe quando vai regressar. Mas, uma coisa é certa: “a primeira coisa que farei à chegada é correr para o conforto de Alcobaça”.