Jogar um Campeonato do Mundo é o sonho de qualquer futebolista profissional, mas poucos têm esse privilégio. Há um alcobacense que esteve à beira de conseguir esse feito, mas que não o chegou a fazer no Mundial de 1966, em Inglaterra, na estreia da Seleção Nacional em grandes competições internacionais.
Jogar um Campeonato do Mundo é o sonho de qualquer futebolista profissional, mas poucos têm esse privilégio. Há um alcobacense que esteve à beira de conseguir esse feito, mas que não o chegou a fazer no Mundial de 1966, em Inglaterra, na estreia da Seleção Nacional em grandes competições internacionais.
João Lourenço fez parte dos 22 “Magriços”, mas foi o único que não foi utilizado naquele percurso épico de Eusébio e companhia, sendo, todavia, necessário recordar que naquele tempo não havia substituições. O então jogador do Sporting acredita que se tratou de uma “vingança” pessoal do selecionador Manuel da Luz Afonso, um fervoroso benfiquista. E porquê? Porque o avançado tinha feito um póquer às águias (2-4), meses antes…
“Fui um proscrito do selecionador, que era um ferrenho dirigente do Benfica. Foi nessa altura que fiz os 4 golos na Luz. Recordo-me que foram 22 jogadores convocados, 21 jogaram, até nos jogos amigáveis, mas houve um que não jogou. Foi uma retaliação e o meu próprio treinador no Sporting, que era o Otto Glória, me dizia que eu era um joguete nas mãos dele”, recorda o antigo jogador, que fez 207 jogos na 1.ª Divisão, ao serviço do Sporting e da Académica. Houve episódios marcantes, como o dia em que o Bom Gigante esteve para não jogar e Lourenço espreitava a titularidade: “O Torres tinha feito um entorse e o selecionador exigiu que fosse infiltrado para ele jogar”…
A reviravolta no jogo com a Coreia do Norte (3-5) foi um momento marcante e Lourenço, que assistiu na bancada, vaticinou o que iria acontecer. “Disse aos meus colegas que se fizéssemos o 2-3 antes do intervalo, ganharíamos o jogo. E assim aconteceu”, recorda Lourenço, que viveu um ambiente “ótimo” na equipa das quinas. “Tínhamos a noção de que fazíamos história e que atingimos metas que nunca nos passaram pela cabeça. A cada jogo que se aproximava sentíamos que a equipa estava mais forte e que podíamos ir cada vez mais longe”, relembra o avançado, hoje com 76 anos, que não se esquece de tudo o que envolveu a meia-final com a Inglaterra (2-1).
João Lourenço fez parte dos 22 “Magriços”, mas foi o único que não foi utilizado naquele percurso épico de Eusébio e companhia, sendo, todavia, necessário recordar que naquele tempo não havia substituições.
“Eles eram os donos e senhores daquilo tudo. O jogo estava marcado para Liverpool e eles resolveram passar o jogo para Londres, onde havia um ambiente muito mais favorável aos ingleses. Foi aí que começámos a perder a meia-final”, afirma o ex-jogador, conhecido em Alcobaça por Moura e que só quando se mudou para Coimbra passou a ser designado como Lourenço.
“O Ginásio foi o meu primeiro clube. Joguei duas temporadas, a segunda das quais ainda com idade de júnior e subi, em janeiro, à equipa sénior que lutava para subir à 2.ª Divisão. Acabei por ser convocado para um torneio internacional na Seleção Nacional de juniores e acredito que a subida do clube pode ter sido prejudicada por ter sido chamado a representar Portugal”, justifica o antigo internacional B, que nunca se estreou pela equipa A, apesar de ter jogado oito temporadas no Sporting e de ter marcado 92 golos só na 1.ª Divisão. Mas o seu maior feito individual foram os 6 golos que marcou pela Académica ao Barreirense (8-0) em 1962/63, época em que já tinha feito 5 golos ao Feirense (8-0) e que foi a sua campanha mais produtiva de sempre: 23 golos. Contudo, o recorde pessoal terá acontecido ao serviço do Ginásio, numa goleada histórica sobre a Biblioteca (19-0), em que “faturou” por 7 vezes, em dezembro de 1960.
Depois de se destacar no Ginásio, foi contratado pela Académica. ”Depois de vir do torneio europeu de juniores estava no 6.º ano e em Alcobaça não havia esse grau de ensino. Tive uma proposta da CUF, mas o meu pai decidiu-se pela Académica. Cheguei a Coimbra a uma segunda-feira e estreei-me no domingo, com um golo ao Belenenses (2-1)”, em 1961/62, relembra o homem que, depois de pendurar as chuteiras e ter jogado em Angola e Canadá, ainda treinou Ginásio, Sanjoanense, Santiago do Cacém, Odivelas e Argus, mas hoje encontra-se “completamente afastado” do mundo do desporto-rei.
Portugal estreia-se esta sexta-feira com a Espanha no Mundial da Rússia e, no entender de Lourenço, a equipa de Fernando Santos pode até fazer uma gracinha, desde que tenha “a sorte que teve no Europeu”. “ Se assim acontecer, a Seleção pode conseguir um feito, mas não acredito porque há equipas que são mais fortes”, remata o antigo avançado.