Campeão nacional pelo Sporting na época passada, o martingancense João Simões, de 32 anos, falou com o REGIÃO DE CISTER sobre o seu percurso no mundo do voleibol nacional, explicou as dificuldades que existem para ser profissional no país e revelou também as suas expetativas para o futuro.
REGIÃO DE CISTER (RC) > É fácil ser jogador de voleibol em Portugal?
João Simões (JS) > Não, não é fácil. A modalidade, infelizmente, é amadora e semiamadora em muitos clubes, só em dois ou três clubes é que é possível ser profissional. Por isso muitos jogadores têm de conciliar o trabalho ou os estudos com o voleibol. Neste momento, felizmente, esse não é o meu caso, mas já passei por clubes onde foi assim. Pelo menos até acabar a minha licenciatura em fisioterapia foi assim, mas desde há cinco/seis anos para cá tenho tido a sorte de jogar nesses clubes profissionais e ser profissional de voleibol.
RC > Como foi o seu percurso até aqui ?
JS > Foi um percurso que começou tarde. Comecei com cerca de 15 anos, no SO Marinhense, a convite de uns colegas da escola. Era alto… mas a verdade é que não tinha jeito nenhum. Mas depois foi tudo muito rápido, no ano a seguir o meu treinador levou-me a treinos de captação para a Seleção Nacional, no Porto, e fui escolhido. Desde então que fiquei cá e continuei os meus estudos no Porto. E já lá vão 17 anos a jogar no Norte. Naquele ano fiquei na Seleção e ainda joguei no SO Marinhense e no ano a seguir já fui chamado à Seleção Nacional, com 17 anos, e transferi-me para o Esmoriz Ginásio Clube, onde fiz o último ano de júnior e onde fiquei mais seis épocas. Depois passei ainda pelo Castelo da Maia, CA Madalena, Fonte do Bastardo, dos Açores, Sp. Espinho e desde há dois anos que estou no Sporting.
O meu objetivo mantém-se o mesmo desde há uns anos para cá: manter-me ao meu melhor nível.
RC > Alguma vez pensou que poderia ser campeão nacional e chegar à Seleção Nacional?
JS > Passou-me pela cabeça ser campeão nacional, até porque tive que deixar para trás a minha família e os meus amigos para correr atrás de um sonho, pelo que ser campeão nacional sempre foi o meu objetivo. Felizmente já o cumpri por algumas vezes. E chegar à Seleção Nacional também, como fiquei logo na Seleção de juniores, desde aí pensei que poderia ser aquele o meu caminho.
RC > Qual foi o momento mais alto da sua carreira até aqui?
JS > Isso é complicado de responder… já são 17 anos, muitos deles ao mais alto nível. Mas, se calhar o meu primeiro grande troféu, a Taça de Portugal ao serviço do Castelo da Maia, em 2009/2010, e talvez o primeiro título de campeão nacional de seniores, pela Fonte do Bastardo. Foram, talvez, os mais marcantes por serem os primeiros.
RC > Quais os objetivos pessoais para 2019?
JS > O meu objetivo mantém-se o mesmo desde há uns anos para cá: manter-me ao meu melhor nível. Na Seleção vamos participar na Liga das Nações e no Europeu, e será a minha primeira participação num Campeonato da Europa, pelo que quero tentar deixar a minha marca nele. Quanto ao Sporting os objetivos são sempre ganhar todas as competições em que entramos.
RC > É o jogador da região que chegou mais longe no mundo do voleibol. O que representa isso para si?
JS > O mais importante é passar a mensagem aos mais novos, para que acreditem que é possível chegar longe. Consegui, com muito esforço, mas consegui e eles também podem conseguir. Apesar de ser uma região com pouca tradição na modalidade, é possível.