É o café mais antigo dos Casais da Vestiaria. O Café do “Manel João”, como é conhecido, já foi vários negócios, mas sempre nas mãos da mesma família. São mais de 50 anos de história recordados “com carinho e nostalgia” pela família Ferreira, que garante servir o melhor café da região.
É o café mais antigo dos Casais da Vestiaria. O Café do “Manel João”, como é conhecido, já foi vários negócios, mas sempre nas mãos da mesma família. São mais de 50 anos de história recordados “com carinho e nostalgia” pela família Ferreira, que garante servir o melhor café da região.
A fundação do espaço comercial icónico remonta a 1954, justificada com a ambição de Manuel João de Sousa em abrir um negócio próprio. Um ano depois, o vestiariense casou com Maria Paulina de Sousa e o casal avançou com o projeto. O atual café começou por ser um talho, depois uma taberna com produção vinícola própria e até serviu de mercearia especializada em venda de farinhas. “Isto começou por ser um espaço de terra batida, com uns banquinhos de madeira. Era uma coisinha muito humilde”, recorda Fátima Marques, filha dos proprietários.
Rapidamente o pequeno espaço comercial conquistou a população dos Casais da Vestiaria e arredores, tornando o “Café do Manel João” num lugar de convívio. “O café tinha a única televisão da zona, pelo que vinha toda a gente ver o Festival da Canção e as touradas”, relembra, com nostalgia, Fátima Marques. “Era muito jovem, mas ainda tenho a nítida memória de ver as pessoas sentadas nos bancos de madeira e até no chão muito concentrados na televisão”, acrescenta. Durante muitos anos, o café foi também palco de bailaricos, que reuniam toda a juventude da aldeia. “Vários casamentos começaram aqui”, segreda.
“Muito mudou desde esse tempo”, nota Fátima Marques, agora com 61 anos. Como o pai – que dá nome ao café – faleceu há mais de 30 anos, a mãe tomou as rédeas do café, mas devido a problemas de saúde, a filha e o genro – Pedro Marques – têm assumido a responsabilidade do negócio. “A saúde da minha mãe, com 87 anos, está debilitada, pelo que tivemos de ser nós a tomar as rédeas do negócio”, revela. De forma a conciliar ambas as responsabilidades, o horário de funcionamento do café foi reduzido a cerca de cinco horas diárias. “A minha mãe abre o café aos bocadinhos. Está aqui uma hora de manhã, duas horas depois do almoço e eu e o meu marido asseguramos a ‘casa’ ao fim da tarde”, conta.
Fechar portas definitivamente não é uma opção para a vestiariense, até porque acredita que a decisão seria “um desgosto sem medida” para a mãe. “Este negócio é a vida dela. Sempre que vamos a algum lado, ela orgulha-se de dizer que o seu café tem um sabor diferente que conquista toda a gente”, conta. Mas não é só a matriarca que iria sofrer com o fecho. Fátima Marques assegura que os clientes, os mesmos desde a abertura, também sentiriam a falta do espaço. “Se não abro as portas, no dia seguinte tenho logo mil reclamações. Há gente que logo pela manhã, traz o seu pãozinho para vir acompanhar o café”, graceja. “Para nós, não são só clientes… são família”, confessa. “Nunca quis ficar com o negócio, mas cada vez mais penso nisso. Quem sabe se não me dedico a isto, a sério, na minha reforma”, graceja.