Quem entra no Café Oceano, em plena Praça Sousa Oliveira, também conhecida como praça das esplanadas, na Nazaré, está longe de imaginar que se aquelas paredes falassem já teriam histórias de mais de oito décadas para contar. É o café mais antigo em atividade na vila, mas apresenta-se como um espaço cheio de vida… e música.
Quem entra no Café Oceano, em plena Praça Sousa Oliveira, também conhecida como praça das esplanadas, na Nazaré, está longe de imaginar que se aquelas paredes falassem já teriam histórias de mais de oito décadas para contar. É o café mais antigo em atividade na vila, mas apresenta-se como um espaço cheio de vida… e música.
“Quando o Café aqui se instalou a praça ainda nem se chamava Praça Sousa Oliveira, era a Praça do Comércio. O café era frequentado apenas por pessoas mais abastadas, como os donos das traineiras, e os pescadores nem entravam”, conta Hugo Piló, que assumiu a gestão do espaço, propriedade do pai, desde 2014. “Não havia a zona Sul da Nazaré e tudo se concentrava aqui. Este café é quase uma instituição pela importância que teve ao longo dos anos”, considera o nazareno.
Até chegar às mãos de Joaquim Piló em 2007, o Café Oceano foi “navegado” por quatro proprietários. “Sempre foi um café ao estilo parisiense. Já serviu de espaço a tertúlias políticas, foi o café de vários professores e professoras… foram servidos muitos bolos e cafés neste balcão“, conta o gerente, recordando a fotografia que prova que o 1.º de Maio depois do 25 de Abril de 1974 foi também ali comemorado. Figuras como Mário Soares e Eduardo Catroga terão sido clientes do espaço quando visitavam a vila.
Do passado ao presente distam 81 anos, mas só a informação, colada ao vidro, lembra aos clientes que este é o “Café Bar Oceano desde 1938“. Desde que Hugo Piló e a mulher – Margarida Cabral – regressaram do Canadá e tomaram as rédeas do negócio, o Oceano passou a viver muito da música (ao vivo, através do Spotify ou pela voz do próprio casal) e de um estilo adaptado aos tempos. A esplanada do espaço, “pintado” em tons verdes, com capas de vinis decoradas na parede e luzes a piscar, é animado com música ao vivo às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados.
“Fizemos remodelações ao espaço e trocámos as torradas e os galões na bandeja pelas caipirinhas e mojitos“, resume, entre risos, Hugo Piló. O Café Oceano assumiu, assim, mais uma vertente de bar, servindo cocktails, gins e outras bebidas.
A tradição e a essência do Oceano mantêm-se intactas e são muitos os “clientes habituais”, nazarenos ou palecos, que visitam o espaço diariamente. Um desses clientes até suscitou a criatividade de Hugo Piló, que fez carreira no mundo da música, ao compor e apresentar com os Máquinas Quentes, o tema “Cliente Habitual”. Porque, afinal, há mesmo quem peça sempre “um café e um constantino”.