Por estes dias, há alunos do concelho de Porto de Mós que têm de se deslocar às Juntas de Freguesia para ter aulas ou descarregar ficheiros e há quem tenha de ir dormir a casa de familiares para ter acesso à internet e dessa forma à escola.
Por estes dias, há alunos do concelho de Porto de Mós que têm de se deslocar às Juntas de Freguesia para ter aulas ou descarregar ficheiros e há quem tenha de ir dormir a casa de familiares para ter acesso à internet e dessa forma à escola. Nas freguesias de São Bento, Serro Ventoso, Arrimal e Mendiga, Alqueidão da Serra, Mira de Aire e Alvados e Alcaria, há zonas em que o acesso às comunicações é muito limitado e em algumas delas é mesmo inexistente. Este problema arrasta-se há décadas, mas com o maior número de utilizadores devido ao ensino à distância e ao teletrabalho a situação agravou-se.
“O acesso às telecomunicações é essencial para as crianças estudarem. É um direito delas”, refere ao REGIÃO DE CISTER o presidente da Junta de São Bento. Tiago Rei já enviou cartas ao primeiro-ministro, ao Presidente da República, ao Ministério da Educação e às bancadas parlamentares, para tentar resolver o problema, mas até ao momento nada foi resolvido. “Em São Bento temos fibra da Meo, mas só está disponível para as empresas”, explica o autarca.
Praticamente sem telefone fixo, sem rede de telemóvel e muito menos banda larga, esta é a freguesia do concelho que vive a situação mais dramática: cerca de 95 alunos estão em casa sem acesso ao ensino à distância. Muitos alunos do ensino superior estão sem poder regressar a casa por falta de condições e muitas pessoas não conseguem trabalhar em regime de teletrabalho.
Perante o constrangimento, as crianças e jovens que habitam em freguesias da serra escreveram dezenas de cartas endereçadas ao Presidente da República, relatando as dificuldades que têm enfrentado.
À Câmara de Porto de Mós a Altice Portugal, dona da Meo, garante que 90% do concelho está coberto com 4G. “O País que têm no mapa visto no gabinete deles em Lisboa é muito diferente do País real”, lamentou o presidente da Câmara de Porto de Mós, na última reunião pública do executivo municipal. “Há localidades que não têm sequer rede de voz, quanto mais 4G”, referiu Jorge Vala, admitindo estar “muito preocupado” com o próximo ano letivo. Perante a resposta da Altice, a Câmara realizou um ofício dirigido ao presidente do Conselho de Administração da ANACOM para avaliar a situação. “Nada melhor do que vir ao terreno com um telefone com rede Altice e verificar toda esta situação”, afirmou o autarca.
Entretanto, no dia 1 de Julho, o presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, vai estar em Porto de Mós e irá a São Bento verificar em pessoa as queixas da população que não tem acesso a telecomunicações e internet. No âmbito da visita, pelas 11h, vai ocorrer uma conferência de imprensa no Edifício dos Gorjões, Largo de S. João, em Porto de Mós sobre o tema.