Quinta-feira, Dezembro 26, 2024
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Comércio tradicional da região faz braço de ferro à pandemia

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Com o Natal à porta, as montras das lojas já estão vestidas a preceito para receber os clientes. Mas, a maioria, fica  atrás da vitrina. Olham uma e outra vez para os produtos em exposição e seguem caminho, deixando o comércio local cada vez mais angustiado. 

Com o Natal à porta, as montras das lojas já estão vestidas a preceito para receber os clientes. Mas, a maioria, fica  atrás da vitrina. Olham uma e outra vez para os produtos em exposição e seguem caminho, deixando o comércio local cada vez mais angustiado.

Mesmo com o sol a convidar a população a passear pela cidade de Alcobaça em dia de feriado nacional, na passada terça-feira, o negócio continua fraco.

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“As pessoas têm curiosidade e até ‘namoram’ a montra, mas entrar é uma conversa diferente”, observa a proprietária da Ludinete, loja de decoração de interiores aberta em frente ao Mosteiro de Alcobaça desde 1974. No mês de dezembro, Odete Leal abre portas todos os dias para tentar aproveitar o aumento de turistas e de clientes em busca de um presente de “última hora”.

No entanto, este ano, as ruas estão mais “despidas de gente”, consequência direta da pandemia de Covid-19. “Falta vida, entende? Não temos pessoas de fora e as que aqui moram têm medo de sair à rua… O comércio local já enfrentava sérios desafios porque as grandes superfícies comerciais captam as atenções quase todas, mas este ano está a ser sufocante”, lamenta a empresária.

Ainda assim, fechar portas no feriado não foi uma opção. “Baixar os braços não é alternativa”, diz Odete Leal, que recusa comparar as receitas deste ano com os anteriores. “Este ano temos de mudar de perspetiva. Temos de ser gratos pelos nossos entes queridos e pela saúde.

2021 será um ano complicado a diferentes níveis, por isso, vamos viver dezembro com serenidade”, declara enquanto reorganiza alguns dos artigos da loja.

Alguns metros à frente, na loja Nazário & Santos, o discurso é semelhante.O Natal era uma das épocas mais frenética para a casa de tecidos a metro e vestuário. “Antigamente havia muito para fazer nestes dias. Hoje é o que se vê. Vim abrir a loja logo pela manhã, mas a verdade é que se não tivesse vindo talvez não fizesse cá falta nenhuma”, desabafa José Santos.

Ainda assim, o co-proprietário da casa tradicional de Alcobaça acredita que manter as portas abertas é dar um sinal de “resiliência” e demonstra à comunidade que “o comércio local não desiste”. “O nosso público é maioritariamente mais velho, ou seja, aquele que é aconselhado a ficar em casa durante a pandemia. É normal que o impacto seja mais notório”, explica o comerciante, revelando que também o mês de novembro – por norma um dos mais lucrativos do ano – sofreu uma quebra de cerca de 60%.

Mas há quem não se queixe, depois de um verão com a corda no pescoço. É o caso do “Miminhos de Encantar”, uma loja de vestuário com 21 anos sediada na Avenida Professor Engenheiro Joaquim Vieira Natividade, que tem registado um “tímido” aumento do número de vendas nesta quadra natalícia face aos meses anteriores. “O verão foi muito penoso. Sem festas, as roupas para as crianças ficaram nas prateleiras e estes primeiros dias de dezembro têm sido uma necessária lufada de ar fresco”, relata Anália Rodrigues, funcionária do espaço.

Para atrair o interesse do público, que a partir da segunda quinzena de dezembro costumava criar fila no exterior do espaço, a loja criou uma campanha de descontos. “É o que muitos comerciantes têm feito para tentar remar contra a maré. Não são descontos como os praticados nos shoppings, mas é o que nós, pequenos comerciantes, podemos oferecer”, assegura. 

E as campanhas multiplicam-se um pouco por toda a região. A sapataria Charel, em Porto de Mós, tem, em dezembro, promoções e campanhas para atrair clientes e tornar a época natalícia mais rentável. A par disso, Manuel Carreira apostou na venda online para atrair e diminuir a distância que separa o comércio e o cliente que permanece em resguardado em casa. 

Estima-se que desde o início da pandemia, as vendas através das plataformas online tenham mais que duplicado e esta é uma moda que veio para ficar. É como se as feiras tradicionais tivessem sido “transportadas” para as plataformas digitais, permitindo uma relação de confiança com o cliente, respondendo às necessidades através do chat e mostrando à audiência exemplos de sucessos de vendas. A Knock Knock Store, loja de roupa, sapatos e acessórios, no concelho de Porto de Mós, não ficou de fora desta tendência.

A divulgação através de vídeos nas redes sociais tem sido um objetivo de Rita Froes, proprietária do espaço, principalmente nesta quadra natalícia, com a esperança de que a aposta consiga atenuar os constrangimentos da pandemia.  

É certo que este Natal não traz a habitual magia. No entanto, é possível tornar a época mais “iluminada” para todos. A aposta no comércio tradicional nunca foi tão importante e cabe a cada um dar a mão ao “vizinho”. Já fez as suas compras de Natal?

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