Terça-feira, Abril 23, 2024
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Álvaro dos Barquinhos preserva arte das miniaturas na Nazaré

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Chegou a fazer 300 miniaturas de barcos por mês, sem nunca descurar os detalhes, mas hoje, aos 89 anos, Álvaro Guincho, mais conhecido na Nazaré por Álvaro dos Barquinhos, vai pouco à oficina no Sítio. Quando abandonar de vez o trabalho, a arte acaba.

Chegou a fazer 300 miniaturas de barcos por mês, sem nunca descurar os detalhes, mas hoje, aos 89 anos, Álvaro Guincho, mais conhecido na Nazaré por Álvaro dos Barquinhos, vai pouco à oficina no Sítio. Quando abandonar de vez o trabalho, a arte acaba.

Está certo de que foi o primeiro e é o único a fazer miniaturas. O filho, também Álvaro, até se ajeita, mas tem a sua profissão e não quer seguir as pegadas do pai.

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O mestre, que começou a construir miniaturas há mais de seis décadas, consegue reproduzir tudo o que lhe colocarem à frente. Um dia, estava aborrecido, comprou um postal com a imagem do Santuário Nossa Senhora da Nazaré, fechou-se na oficina e reproduziu o monumento. Está entre as muitas dezenas de exemplares que estão expostos nas prateleiras e onde se percebe que os barcos são a verdadeira paixão do artesão. 

Traineiras, barcas de transporte, barcas salva-vidas, galeões, barcos de rio, barcos do candil e até o veleiro Sagres são apenas alguns dos exemplares a que o mestre artesão se dedicou ao longo dos anos. Tem expostas reproduções de todas as embarcações utilizadas para a pesca na Nazaré.

Álvaro Guincho, que nasceu em Peniche mas que vive na Nazaré desde os 4 anos, começou a reproduzir embarcações quando ele próprio era pescador, profissão que adotou com 15 anos. Quando terminava o dia de trabalho no mar, passava de pescador a artesão. “Era uma terra pobre, tinha que tentar ganhar mais algum”, desabafa.

Ele fazia as estruturas dos barcos, todos os pormenores, e a mulher, Augusta, já falecida, era uma preciosa ajuda nas pinturas e acabamentos. “Quando casei, comecei a fazer isto e a vender”, recorda o senhor Álvaro, que depressa começou a abastecer casas de artesanato da Nazaré e do Algarve. “Todos os barcos que já fiz… não chegava a praça de touros do Sítio para caberem todos”, brinca.

Já vendeu para o Casino Estoril e para diversas casas um pouco por todo o País. Em muitas marisqueiras onde o marisco é servido num barquinho de madeira, é mais do que provável que tenha a assinatura de Álvaro Guincho. “Até no Canadá se encontram barcos feitos por mim”, garante o nazareno de coração, reconhecendo a importância de ter “paciência e atenção ao detalhe”.

Os seus barcos são, aliás, ricos em pormenores. Dependendo dos detalhes, um exemplar mais pequeno pode demorar duas semanas a terminar. Os maiores, de 2,5 metros de comprimento, podem chegar aos três meses.

O artesão sabe bem que o seu trabalho não terá sucessão. “Agora fazem tudo em plástico”, lamenta Álvaro Guincho.

Alguns dos seus trabalhos podem ser encontrados no Museu Dr. Joaquim Manso, no Sítio, que adquiriu os pequenos barcos ao artista das miniaturas, ajudando a preservar a arte, única, de Álvaro dos Barquinhos.

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