Um professor da nossa terra foi homenageado por ter chegado à final do concurso de professor do ano. “Acredito que o professor muda a vida dos alunos e saber ouvi-los compensou muito ao longo do meu percurso profissional”, disse, naquela ocasião, como citou este jornal. Não conheço o professor Nuno Duarte, mas tive a felicidade de conhecer muitos outros professores com “capacidade para ouvir” ou melhor, para entender e desafiar os alunos. E é por isso que nunca mais me esqueci deles e é por isso que lhes devo tanto e é por isso que continuo a acreditar que os professores, a escola, são a nossa maior arma contra a indiferença, a pobreza, a desigualdade, o ressentimento e a barbárie.
Quem do mundo conhece pouco, seja porque nasceu numa aldeia chamada Lagoa das Talas, seja porque as janelas eletrónicas não permitem indagar o infinito, e tem a sorte de encontrar professores que lhes despertam a curiosidade pelas línguas, descobre, nos novos vocábulos, outras tantas dúvidas e, com elas, um infinito de novas possibilidades. Quem procura a beleza numa equação, a elegância num poema ou as propriedades químicas de um elemento, e quem, no meio da História, descobre o erro que deve prevenir, está, simultaneamente, a crescer e a ganhar consciência das incertezas e vontade de novas perguntas.
E quanto mais complexa é a nossa vida, mais complexa é a missão de ensinar. Não se trata de descarregar informação, isso está ao alcance dos polegares de todos os jovens. Ensinar é, como escreveu Einstein, promover a curiosidade, ensinar deve “fazer sentir aos alunos que aquilo que se lhes ensina é uma dádiva preciosa e não uma amarga obrigação”. Ensinar assim é muito mais difícil do que aprender. Não se trata de dar respostas, mas de estimular perguntas. Ensinar assim é oferecer a cada aluno o dom da curiosidade, o dom do pensamento crítico independente e informado, sem facilitismos, sem cartilhas, sem populismos, nem ódios, nem juízos fáceis e definitivos.