A devastação da floresta “que rodeia a aldeia e que tanto a caracteriza” é um dos argumentos do abaixo-assinado que circula em Fanhais, onde um consórcio de empresas quer instalar uma unidade de produção de energia renovável. A área de implementação do projeto inclui a duna da Aguieira, candidata a Sítio Classificado em 1979.
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No documento, disponível na Liga dos Amigos de Fanhais, os subscritores opõem-se ao projeto e manifestam preocupações quanto à instalação de linhas elétricas de alta tensão, o que, “segundo vários estudos já realizados apontam, têm um efeito muito negativo em termos de saúde pública, sendo um fator potenciador do desenvolvimento de doenças cancerígenas”.
A iniciativa da população surgiu depois de o projeto ter sido conhecido em março em reunião de Câmara, onde os eleitos manifestaram reservas sobre a instalação de uma central de produção de hidrogénio verde, que obriga a rever o Plano Diretor Municipal. Na ocasião, o vereador do Ambiente, Orlando Rodrigues, disse ter “muitas reservas”, face à “área substancial de desbaste” de floresta prevista, considerando que “não trará grandes benefícios às empresas da Nazaré”, comparativamente a área industrial de outros concelhos, como a Marinha Grande.
Já o presidente da Câmara lembrou as implicações no que concerne o PDM e deixou claro que o executivo só deliberará após a realização de uma sessão de câmara “exclusivamente dedicada a este tema”, para ouvir a empresa e técnicos que permitam “fundamentar a decisão”. Walter Chicharro sublinhou ainda que o município pretende “ter acesso aos pareceres das diversas entidades” que já se pronunciaram sobre o projeto que em fevereiro obteve o estatuto de Projeto de Interesse Nacional.
A CDU/Nazaré reagiu em comunicado, alertando para a devastação e a “destruição da biodiversidade existente e que poderá ter nefastos efeitos a nível de alterações climáticas, uma vez que os pinhais e as florestas são meios fundamentais na fixação de carbono e produção de oxigénio, assim como na consolidação das areias e dos solos arenosos da área a ser desmatada, e a protecção dos ventos marítimos”. O “negativo impacto paisagístico” é outro dos fatores apontados pela CDU.
Além de uma unidade para produção do hidrogénio verde, o projeto inclui uma central solar que lhe fornecerá a energia necessária para a eletrólise, através dos quais está prevista a criação de 140 novos postos de trabalho.
O projeto, que representa um investimento de 150 milhões de euros, é desenvolvido por um consórcio de oito empresas que englobam o setor dos cimentos (Cimpor e Secil), setor do vidro (BA Glass, Crisal e Vidrala), entre outras empresas de água e de gás natural. Além da Nazaré, envolve os municípios de Alcobaça, Marinha Grande e Leiria.