Os alcobacenses não têm memória de ter visto algo semelhante ao que aconteceu ao longo dos cinco dias (e noites) da Feira de São Bernardo, que decorreu entre os dias 18 e 22 de agosto, entre o espaço envolvente da Cova da Onça e o centro histórico da cidade.
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“Parecem formigas! Olhem para a quantidade de pessoas que está a ir para o rossio”, ouvia-se entre a multidão, logo na primeira noite da Feira de São Bernardo, que percorria a Rua D. Pedro V, a caminho da Praça 25 de Abril. No palco instalado em frente ao Mosteiro, milhares aguardavam o concerto dos Calema, grupo que surpreendeu tudo e todos ao deixar o rossio a rebentar pelas costuras. “Ainda está mais gente do que no concerto do Tony Carreira [que decorreu no ano passado durante a Feira de São Bernardo e que encheu igualmente a Praça 25 de Abril]”, comentava-se entre um dos vários grupos de amigos que assistia ao concerto da dupla musical dos irmãos de São Tomé e Príncipe.
Na verdade, não se sabe exatamente o número de pessoas que pisou o rossio para ver os concertos dos vários artistas renomados, nas cinco noites do certame, mas as imagens que foram tiradas nos drones não deixam margem para dúvidas: houve uma enchente, como nunca antes vista, na principal sala de visitas do concelho.
Também os Xutos & Pontapés, que atuaram na noite da passada segunda-feira, repetiram o feito em deixar a praça do centro histórico a rebentar pelas costuras, julgando-se até ter superado o número de espectadores que veio a Alcobaça para ver os Calema. Os concertos dos Wet Bed Gang, que atuaram no sábado (com uma chuva miudinha pelo meio) – para um público mais jovem –, dos Quatro e Meia, que subiram ao palco no domingo, e de Ivandro, que veio a Alcobaça na terça-feira, foram igualmente um sucesso, levando o diverso público ao rubro.
Na Cova da Onça, onde decorreram as restantes atrações da Feira de São Bernardo, à semelhança do modelo do certame do ano passado, um dos espaços mais concorridos foi, como seria de esperar, as tasquinhas das freguesias. As centenas de voluntários das várias associações e coletividades não tiveram mãos a medir para tantas reservas e pedidos, havendo quase sempre filas de espera. Também o palco da Cova da Onça, onde atuaram diversos grupos do concelho ao longo do dia e vários djs à noite, foi bastante procurado pelos milhares de visitantes.
O “circuito” da festa levou ainda o público a divertir-se nos carrosséis, a visitar as empresas representadas na mostra de atividades económicas, a parar no picadeiro ou nas tasquinha da Associação Hípica de Alcobaça e a conhecer a grande novidade deste ano: a festa da maçã, que decorreu num dos armazéns da antiga Quinta dos Magalhães. Para o ano, haverá mais.
Festa da maçã celebrou tradição e inovação
A mudança da localização da Feira de São Bernardo, do MercoAlcobaça para a zona envolvente da Cova da Onça e para a Praça 25 de Abril, que aconteceu no ano passado, voltou a ser um sucesso, este ano com uma “cereja” no topo do bolo, que foi a festa da maçã.
Instalada na antiga Quinta dos Magalhães, espaço que foi cedido pelo proprietário ao Município de Alcobaça para o efeito, com ligação direta ao recinto da Cova da Onça, a festa da maçã contou com uma área dedicada a produtores de maçã, com showcooking e com venda de produtos frescos e derivados de maçã.
A inauguração da festa da maçã foi feita com pompa e circunstância: o caminho entre a Cova da Onça e a antiga Quinta dos Magalhães foi percorrido e inaugurado por uma máquina agrícola (plataforma de colheita de frutas), cedida e comandada pela Cooperativa Agrícola de Alcobaça, dando “boleia” a parte da comitiva que marcou presença na inauguração da Feira de São Bernardo. Os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Alcobaça vestiram, propositadamente, uma gravata com maçãs estampadas, para dar início à festa que celebrou a tradição e a inovação.
Durante os dias do certame, a grande atração do espaço acabou por ser os showcookings protagonizados por diversos e conceituados especialistas gastronómicos, atraindo muitos visitantes ao local para provar as iguarias.
Entre os sumos naturais, as bolas de berlim, a fruta desidratada e fresca, as tartes, as sidras, os vinhos e outros produtos derivados da maçã, destaque para a exposição dos vários produtores de maçã do concelho e para a animação do espaço da Maçã de Alcobaça, que não se esqueceu dos mais novos.
Tasquinhas merecem selo de estrela Michelin
“De comer e chorar por mais”. Ana Santos, alcobacense de gema, não teve… papas na língua quando foi convidada pelo REGIÃO DE CISTER a comentar o serviço prestado pelas associações das várias freguesias que estiveram representadas nas tasquinhas da Feira de São Bernardo: “Vim cá jantar todos os dias e gostei muito. Só tenho pena de não ter podido ir a todas”.
A opinião será, por certo, partilhada por milhares de pessoas que, de sexta a terça-feira, almoçaram e/ou jantaram na Feira de São Bernardo, no recinto instalado pela organização, a cargo do Município de Alcobaça, para que as várias associações do concelho pudessem servir refeições nas respetivas tasquinhas.
A oferta gastronómica foi diversificada, os preços eram convidativos e, como tal, não foi de estranhar que o espaço estivesse repleto durante os cinco dias do certame.
“Estive presente no primeiro dia e também vim hoje [terça-feira]. Em ambos os casos fiz questão de jantar no recinto da feira, não só porque é algo cultural, de que gosto bastante, mas também porque os pratos servidos pelas associações por altura da Feira de São Bernardo costumam ser de enorme qualidade. E este ano não fugiu à regra. Na sexta-feira comi bacalhau, hoje optei pelo frango. Estava ótimo. Além disso, é bom não esquecer que, desta forma, podemos dar o nosso pequeno contributo para ajudarmos as diversas associações do concelho, que bem merecem”, confidenciou Manuel Silva ao REGIÃO DE CISTER, preparando-se para dar mais um passeio pela Cova da Onça.
Mas para que as iguarias pudessem chegar ao prato de todos os visitantes da Feira de São Bernardo, era necessário, claro está, que o espaço reservado à zona gastronómica oferecesse todo o conforto possível. E isso também foi… superado.
“Nos tempos que correm, é muito fácil fazermos críticas e elencarmos defeitos. É típico do povo português. No entanto, neste caso concreto, temos de dar a mão à palmatória e reconhecer o óbvio: a organização da Feira de São Bernardo foi de excelência! As tasquinhas? Tudo maravilhoso. O espaço era enorme, estava tudo devidamente identificado relativamente a cada a associação e, além da qualidade dos pratos servidos, destaco também a higiene de toda a zona envolvente. Em suma, todos devemos aplaudir o serviço prestado pelas associações do concelho e, em simultâneo, a excelência da organização levada a cabo pela Câmara de Alcobaça”, elogiava Joaquim Bernardino, depois de ter degustado uns típicos “ovos escalfados com ervilhas”.
O REGIÃO DE CISTER também falou com representantes de algumas associações do concelho que instalaram a “barraquinha” na Feira de São Bernardo. E também neste caso os elogios foram a palavra de ordem. Afinal, as referidas entidades tiveram a oportunidade de receberem em “casa” familiares, amigos e outros visitantes da feira, o que permitiu momentos de partilha e de convívio que também fazem parte de tão popular evento. Todas elas merecem, portanto, uma estrela Michelin. Parabéns!
Carrosséis, artesanato, djs… houve de tudo e para todos
Para miúdos e graúdos. Para eles e para elas. No fundo… para todos. É (também) muito essa a essência da Feira de São Bernardo.
No espaço da Cova da Onça, e tal como diz o ditado popular, “cabe tudo e mais um par de botas”. Porque a zona é, de facto, extensa, abrangente, e, além disso, a forma como tudo esteve localizado não deixa margem para dúvidas: há tempo e espaço para visitar… tudo.
Mas comecemos pelos mais pequenos. Os petizes. Aqueles que “deliram” com a feira sobretudo por causa dos carrosséis. Dos carrinhos de choque ao canguru, passando por outros divertimentos, várias eram as ofertas para que as crianças “obrigassem” os pais a puxar da carteira para que fosse aplicado mais um chavão típico das feiras populares: “mais uma moeda, mais uma viagem”.
E, de facto, durante os cinco dias do certame, os comerciantes responsáveis pelos carrosséis terão ficado, por certo, satisfeitos com o retorno financeiro. Pelo menos, a olhos vistos. Porque quem apreciava a zona, diariamente, desde as 19 horas até de madrugada, difícil era encontrar algum desses espaços… vazios. Foram milhares as crianças que aproveitaram a Feira de São Bernardo para aproveitar as brincadeiras típicas desta idade. E os pais (ou avós…) não conseguiam mesmo dizer que não à moeda.
Mas como a feira é mesmo para todos, também os mais velhos puderam apreciar vários stands que saltavam à vista. Foram inúmeras as empresas representadas na Feira de São Bernardo, com diversos setores de atividade contemplados, e, dessa forma, também houve possibilidade de fazer negócio(s).
“O meu marido anda a ver as coisas dele, mas eu gosto muito desta parte do artesanato e das utilidades para o lar. Entretanto já nos voltamos a encontrar por aí”, gracejava, a propósito, Maria Santos Batista, enquanto apreciava uma banca de tapetes.
À medida que os ponteiros do relógio iam avançando, a noite começava a ficar convidativa para um “pezinho” de dança. Na tenda gigante instalada na Cova da Onça – no mesmo espaço onde estavam instaladas as tasquinhas das freguesias – vários foram os dj’s convidados para dar música pela noite dentro aos milhares de visitantes que passaram pela feira.
Ao longo dos cinco dias, o som (afinado) caiu no goto de todos quantos fizeram questão de fazer daquele local uma autêntica discoteca. Com música (também) para todos os gostos. Mesmo que, a partir de determinada hora, só os mais “rijos” aguentassem a “pedalada”. Mas em tempo de férias escolares, não foi de estranhar que a juventude estivesse em maioria. Em grupos de amigos e com mais uma bebida à mistura, era vê-los aos pulos… Que festa!