A dificuldade na aprendizagem da língua portuguesa tem sido um dos maiores entraves à integração no mercado de trabalho dos imigrantes que estão alojados na Estrutura de Acolhimento Temporário para Migantes, instalada no Edíficio Três Torres, em Alfeizerão, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre o Centro Cénico da Cela e o Centro Distrital da Segurança Social de Leiria. Foi precisamente esse um dos temas mais abordados na visita que a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares realizou, na tarde da quarta-feira da semana passada, ao alojamento, no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”.
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“Mais do que a dificuldade em aceitarem o tipo de trabalho que lhes é proposto, a língua acaba por ser a maior barreira. Tem sido complicado”, confidenciou o presidente da Direção do Centro Cénico da Cela ao REGIÃO DE CISTER à margem da visita de Ana Catarina Mendes, elencando a diversidade de nacionalidades entre os refugiados: “temos pessoas da Rússia, da Índia, da Tchechénia, da Gâmbia e até do Kosovo”.
No passado mês de agosto, o Centro Cénico da Cela e a Segurança Social estabeleceram um acordo que prevê o acolhimento, pelo período de seis meses, de 16 imigrantes. Desde então, já duas pessoas conseguiram colocação no mercado de trabalho – um dos quais na Acordo, empresa parceira do protocolo. José Lorvão adiantou que “quando as pessoas estiverem mais à vontade com a língua”, a Junta da Cela vai admitir uma pessoa, sendo que o Centro Cénico da Cela vai acolher mais uma a duas pessoas. “A instituição também tem carências e vamos integrá-las”, avançou o dirigente, revelando que o acolhimento dos imigrantes tem um custo mensal de cerca de 6.500 euros com equipa técnica, alimentação e serviços, valor apoiado pela Segurança Social.
A propósito da visita da governante, que decorreu durante mais de uma hora, a ministra teve oportunidade de perceber o trabalho desenvolvido junto dos refugiados, tendo assistido a parte de uma sessão dinamizada pela CLDS 4G Renascer, em que foram apresentados temas como mercado de trabalho, integração, cidadania e tipos de serviços existentes no concelho de Alcobaça.
Depois de um caloroso cumprimento às pessoas alojadas, Ana Catarina Mendes esteve à conversa com o REGIÃO DE CISTER. “Portugal é mesmo um país que sabe acolher e integrar. Se olharmos para as notícias sobre o que está a acontecer na Europa com os fluxos migratórios, é notório que Portugal continua a ter uma política humanista”, assinalou.
Sobre a resistência que alguns dos alojados têm tido no processo de integração no mercado de trabalho, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares sublinha que “é preciso não desistir”. “Por vezes, as ofertas que temos também não são exatamente compatíveis com as suas competências”, avaliou, evidenciando o elevado “número de casos de sucesso de integração”.
A presença de Ana Catarina Mendes, de resto, motivou o desterrar de uma placa alusiva à visita, num momento simbólico que contou com o presidente da Câmara de Alcobaça, autarcas locais e de representantes do Centro Distrital da Segurança Social de Leiria.