A Juve Lis venceu, no passado sábado, na receção ao Cister Sport de Alcobaça por claros 38-15 na estreia na Taça de Honra feminina. Contudo, a partida ficou marcada por um “confronto” pouco habitual no desporto. É que, se do lado da formação leiriense jogava a jovem Carolina Lucas – uma das promessas do andebol nacional –, pela formação alcobacense alinhou a… mãe Cláudia Lucas. Um cenário muito pouco frequente e que ficará no livro das memórias.
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“Foi um momento muito especial e que vai ficar na nossa memória”. Foi desta forma que a progenitora começou por descrever aquele jogo, explicando depois como foram vividos os últimos dias. Isto porque, confessou, o momento em que iam defrontar-se começou a ser pensado ainda durante a semana.
“Nos dias antes do jogo, estava mais preocupada em acalmar a Carolina, uma vez que percebi que ela estava nervosa por ir jogar contra mim”, revelou “Cagi”, acrescentando que só no dia da partida permitiu que as emoções de mãe transparecessem. No passado sábado, Cláudia e Carolina passaram a manhã e almoçaram juntas, sendo que só se afastaram quando foram ter com as respetivas equipas para seguirem para o jogo.
O relógio marcava pouco antes das 19:30 horas quando ambas perfilaram junto das equipas para a saudação inicial. “Lembro-me de lhe dar um abracinho”, contava a mãe. Durante o jogo a família acabou por se “cruzar” poucas vezes em campo, contudo, nem isso impediu que ambas desejassem o melhor. “Lembro-me que quando a Carolina marcava [e foram cinco golos] levantava o braço a meia-haste e dizia ‘boa’”, revelava a mãe, justificando que as ações foram naturalmente compreendidas pelas colegas de equipa. “Sei que quando marquei [por uma ocasião] a Carolina também festejou”, gracejava a alcobacense.
A partida foi repleta de emoções, e, para Carolina, foram mais difíceis de digerir. “Só pensava: ´se aleijassem a minha mãe como é que ia reagir’”, sublinhava a jovem craque que, felizmente, não teve de lidar com esse problema. Lidou com outro, que foi o ter de jogar contra a mãe e contra o clube do coração. “Foi um dia que jamais vou esquecer. Por um lado é um orgulho ver a garra e a entrega que a minha mãe tem no andebol, mas por outro tinha o coração apertado para que tudo lhe corresse bem”, contava a talentosa, notando que foi um sentimento “muito estranho” ver a mãe como adversária. Começou em casa, quando ambas vestiram equipamentos diferentes e prolongou-se até por volta das 21:30 horas, momento em que terminou o jogo e os ânimos acalmaram.
“Já está”, brincava Carolina, assumindo ser a “maior fã da mãe”. Fez, por isso, questão de nesse momento abraçar a progenitora (que retribuiu o gesto com a força de um amor que só uma mãe sente), no fundo, como se voltassem “a estar na mesma equipa”. Até porque no campeonato mais importante de todos – leia-se vida –, não há mesmo nada que separe mãe e filha. É, sem dúvida, um amor para a vida toda.