Falar do Hóquei Clube de Turquel (HC Turquel) é falar de uma verdadeira “instituição” do hóquei em patins português, e até internacional. Num ano em que o clube assinala 60 anos de existência, os olhos estão colocados no futuro, mas sem nunca esquecer aqueles que, durante décadas, contribuíram para ajudar a elevar o emblema alvinegro aos patamares que hoje lhes são reconhecidos.
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“A missão desta Direção é sempre a de pensar no futuro do clube, tendo como objetivo colmatar as lacunas com que nos vamos deparando, e, além disso, melhorar também aquilo em que já somos bons. E felizmente já são tantas coisas”. Foi assim que o presidente do HC Turquel traçou o futuro próximo do clube ao REGIÃO DE CISTER, ainda que, como evidenciou, o “passado nunca possa ser esquecido”.
“Temos a noção de que só iremos melhorar olhando em frente, mas também temos a convicção, e a certeza, de que só poderemos vislumbrar o horizonte, recordando todos os ilustres que ajudaram a construir esta verdadeira casa de família”, enalteceu Paulo Bértolo, certo de que “jamais o HC Turquel poderá esquecer figuras incontornáveis que ajudaram a levar o nome dos Brutos dos Queixos além fronteiras”.
E a verdade é que, no mundo do hóquei em patins, não há ninguém que não conheça o HC Turquel. Seja pelas equipas seniores masculinas, que já são marca identitária do principal escalão, seja no feminino, em que os turquelenses, já com títulos nacionais, ombream com clubes com outros pergaminhos (e recursos financeiros).
“Não temos a mesma capacidade financeira de outros clubes no nosso país, mas há um detalhe que nos diferencia de todos: a mística de um adepto turquelense é inigualável e podem vir FC Porto, Benfica, Sporting, que estou certo de que não encontrarão nada igual ao HC Turquel”, notou o dirigente.
“Há uma tradição em Turquel que jamais se verá em qualquer lado no mundo, pelo menos com a nossa especificidade. Aquele lema do ‘apoia o clube da tua terra’, aqui, é vivido ao extremo.
Seja na vitória ou na derrota”. afiançou também, recordando a forma como a aldeia se une em torno dos momentos difíceis. “Da última vez que descemos de divisão, chegámos de Oliveira de Azeméis e quase uma centena de adeptos, madrugada dentro, à nossa espera para reconfortarem a equipa e darem ânimo já a pensar novamente no regresso à elite”. “Não tenho dúvidas de que é muito pouco comum em qualquer parte do mundo, sobretudo, se falarmos do hóquei, uma modalidade com menos mediatismo em comparação com o futebol, por exemplo”, asseverou.
Essa ideia é corroborada pelo facto de o HC Turquel acolher, temporada após temporada, centenas de jovens para darem as primeiras sitckadas. “Diz-se, em jeito de brincadeira, que as crianças em Turquel já nascem com os patins e acaba por ser verdade”, sublinhou Paulo Bértolo, colocando esse dado como um traço identitário da própria freguesia. “É impossível disscociar o hóquei em patins da freguesia. Não é ao acaso que somos a aldeia do hóquei. E a mais fervorosa do mundo!”, brincava.
Esta época, o HC Turquel contabiliza mais de 250 atletas nos escalões de formação, um número que faz inveja a muitos – e que é, quiçá, a maior formação a nível nacional –, facto que muito orgulha as gentes de Turquel. “Felizmente, já temos um vasto museu de troféus de formação, mas o nosso maior propósito nem é esse. A nossa missão é dar-lhes ferramentas para que se tornem bons jogadores, como tantos casos temos, mas, sobretudo, mulheres e homens. Se a isso conseguirmos juntar reconhecimento desportivo, tanto melhor”, destacou o (também) antigo jogador.
Recentemente, e a título de exemplo, o clube venceu o título regional de sub-15, numa conquista em que o clube voltou a demonstrar a capacidade formativa existente. Sucedeu-se em sub-15, como já tem sido apanágio noutros escalões. “Felizmente, temos tido muito sucesso e hoje podemos orgulhar-nos de dizer que temos alguma facilidade de recrutamento. Nomeadamente porque há também jogadores que já nos procuram por nos ser reconhecida a capacidade de formar e potenciar os futuros craques”, analisou o responsável máximo dos alvinegros, deixando para segundo plano os feitos desportivos para elevar a marca HC Turquel. E, sobre isso, deixou uma conclusão muito sintética sobre o que é ser do HC Turquel. “Ser Bruto dos Queixos é viver as vitórias e as derrotas no limite das emoções. É companheirismo, entreajuda e dedicação ao máximo. No fundo, é ser família e sentir o clube como se realmente o fosse. Que o é”, finalizou Paulo Bértolo, embevecido por contribuir para tão nobre e meritória história.
Clube é autêntica família
Há casos paradigmáticos da tradição familiar, como é o caso da família Coelho. Aníbal Coelho foi presidente e tesoureiro do clube durante mais de uma década. E se esta paixão era “desmedida”, mais expressão ganhou com a entrada em cena dos três filhos. Vítor Coelho e Davide Coelho alinharam pelos Brutos dos Queixos, tanto na formação como, posteriormente, na equipa principal, tendo chegado a representar o emblema alvinegro no escalão máximo.
Além deles, também a filha Teresa é nome sobejamente conhecido, sendo uma das mais antigas colaboradoras e esposa de Virgolino Luís, dirigente e ex-presidente. E duas das maiores figuras da história do HC Turquel nasceram desta união: André e Vasco Luís, dizem-lhe alguma coisa? Mas há mais: Leonor e Duarte Coelho, filhos de Davide Coelho (agora treinador no clube) também já dão cartas com o símbolo dos Brutos dos Queixos ao peito. Na cantera turquelense, alinha já o pequeno Manuel, filho de André Luís, e que deu início à quarta geração da família no clube.
Outras famílias há que marcaram a história do HC Turquel, nomeadamente na fundação do clube: família Guerra, através de Manuel, António e Joaquim, dos irmãos Martinho, Venâncio e Luís Ribeiro, e dos irmãos Adelino e Luís Roxo. Joaquim Guerra, Luís Ribeiro e Luís Roxo já faleceram, mas é incontornável (e inquantificável) o legado que deixaram no clube, também retratado pela família Vicente.