Não será de admirar que, numa viagem à Arábia Saudita, se encontre pescado da Luís Silvério & Filhos à mesa. Isto porque a empresa, sediada na Nazaré, começou a vender para aquele destino.
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“Estamos a exportar para o mercado árabe porque é um mercado muito forte para Portugal. Estão a procurar muito o produto português, não só o peixe, como outras matérias primas”, começou por elencar ao REGIÃO DE CISTER um dos administradores da empresa familiar. Para esta maior procura do mercado árabe contribuiu também Cristiano Ronaldo, que se transferiu recentemente para o Al Nassr. “O Ronaldo também nos veio facilitar a vida”, brinca Luís Manuel Silvério, salientando a intenção de exportar também para Macau. “Há vários países fortes no mercado árabe e que não se importam de pagar. Estão a procurar muita matéria-prima, neste caso produto selvagem, e estamos a conseguir exportar para lá muito produto selvagem”, referiu.
Mas o pescado da Luís Silvério & Filhos é um produto já com expressão mundial e isso é comprovado pelo facto de estar já em vários mercados, nomeadamente na América do Norte. “Temos já alguma ligação ao Canadá, nomeadamente em Montreal e em Toronto. Nos EUA, temos já expressão, mas estamos a começar já a explorar outros mercados, como o de Boston, Califórnia e Miami, muito América do Norte no fundo”, adiantou.
Na parte Sul do continente americano, a expressão é mais reduzida – “estivemos há um ano com mercado na Colômbia mas não correu tão bem como esperávamos” –, o que já não acontece em solo africano. “Estamos a exportar muito para África. Para Moçambique, temos um projeto novo para a Nigéria…”, revelou. Relativamente à possibilidade de chegar à Oceânia, a ideia agrada: “É um mercado bom para explorarmos, mas neste momento tentamos chegar a mercados com mais poder económico, porque a matéria-prima está muito cara e a mão-de-obra também”, analisa.
Apesar de considerar existir uma crise económica, o início do ano tem sido particularmente positivo no que toca às exportação da Luís Silvério & Filhos. “Em 2023 faturámos sensivelmente 800 mil euros, o que não é nada de relevante para aquilo que pretendemos, ainda para mais com estas instalações novas em Valados dos Frades. O nosso volume de faturação está na casa dos 28 milhões de euros”, elenca Luís Manuel Silvério, revelando, depois, que “em termos comparativos, e analisando apenas os primeiros três meses do ano” a empresa já exportou “quase o mesmo” que em todo o ano de 2023. “Este ano, se continuarmos com este volume de exportação chegaremos perto dos 20% do volume e, se chegássemos aos 30%. já ficaríamos muito felizes. Não podemos depender só de um cliente e se as coisas forem repartidas, torna-se mais fácil gerir”, assevera o empresário que tem uma meta ambiciosa: “Quando entrei para a empresa, a Luis Silvério % Filhos faturava 5 milhões de euros e quis elevar a fasquia aos 30. Já vamos nos 30 e agora queremos 50 milhões. Temos tudo para ser uma empresa líder de mercado, mas é preciso alguma paciência porque passámos um período menos positivo com estas instalações, nomeadamente porque nasceu em período de pandemia, e reforçámos as condições de trabalho”, notou também.
A Luís Silvério & Filhos foi fundada por Luís Silvério e Odília, na década de 70, sendo que o primeiro armazém foi inaugurado em 1987, no Porto da Nazaré. Naquela fábrica de congelação e preparação de pescado e cefalópodes, o negócio começou a ganhar maior expressão, abrindo a porta a negócios por todo o mundo, com o polvo a abrir caminho a tantas outras espécies de qualidade reconhecida.
Seguiram-se décadas de estabilização e reforço da marca Luís Silvério & Filhos, sendo que o crescimento exponencial a partir de 2016 abriu caminho para a concretização de uma nova fábrica, em Valado dos Frades, onde está instalada desde 2020. “Além da qualidade dos produtos, a inovação passou a ser mais um fator diferenciador, permitindo adaptar a oferta às reais necessidades do mercado. Mais espaço, mais capacidade de produção, mais perspetivas de futuro”, lê-se na apresentação disponibiliza no site da empresa.
Nas novas instalações, com espaços multifuncionais e que visam proporcionar melhores condições, laboram 102 colaboradores, mais 62 do que em 2020, sendo que, como refere Luís Manuel Silvério, filho dos fundadores, o ideal seria contar com 160. “O produto que vendemos tem de ser com brilho e qualidade para ser um produto diferenciado. A concorrência é abismal e, se não fizermos algo diferenciado, somos apenas mais um”, justificou o empresário, que tem os produtos da sua empresa expostos em quase todas as grandes superfícies nacionais.