Desde o início do ano foram recolhidas cerca de quatro toneladas de lixo do areal de algumas praias da região. O grupo “One Piece After Another”, que contabiliza 17 toneladas de lixo em cinco anos, marcou a próxima ação para o feriado de 1 de maio, em Água de Madeiros.
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A praia mais a Norte no concelho de Alcobaça é um dos palcos das iniciativas do movimento cívico, que foi lançado em 2019 pela mão de Ricardo Machado, 40 anos, da Marinha Grande, que começou sozinho a caminhada ambiental. “Sou fotógrafo amador e um dia fui à praia, que estava muito suja. Pensei que tinha de fazer alguma coisa e, nesse dia, enchi o primeiro saco e publiquei nas redes sociais”, conta o empreendedor, que contava aliciar os amigos a fazerem o mesmo. O projeto foi crescendo, até que Ricardo deu nome à missão de proteger as praias e não só.
Desde então, o movimento “One Piece After Another”, que tem um núcleo duro de cerca de 40 pessoas, já contou com 1.400 voluntários nos últimos cinco anos, oriundos de concelhos da região, nomeadamente Marinha Grande, Leiria, Fátima e Alcobaça. “São pessoas que se identificam com a praia, a natureza”, considera o mentor do movimento, que atua na área costeira desde a Praia do Norte, no limite do concelho da Nazaré, até ao Pedrógão, no município de Leiria. “Só ainda não fomos à Légua e à Falca”, reconhece o voluntário do ambiente.
As 17 toneladas recolhidas desde 2019 surpreendem, mas, na verdade, podiam ser bem mais. “Durante a pandemia não deu para fazer muita coisa. Em 2019, 2020 e 2021 foram cerca de três toneladas, porque fazia mais sozinho e só organizei três ações públicas, uma em cada ano”, descreve Ricardo Machado. Os números não mentem. Em dois anos, desde 2022, foram removidas 13,5 toneladas, das quais sete são referentes ao ano passado.
Os maus hábitos e a falta de civismo são causas da enorme quantidade de lixo que acaba nas praias. E há delas mais sujas que outras. “Pode ter a ver com as correntes marítimas e com a proximidade dos rios”, atira o rosto do grupo, que dá o exemplo de Paredes da Vitória, de onde foram recolhidas quatro toneladas de lixo desde a criação do projeto. São valores muito acima de praias sem rio e menos frequentadas. Porém, o lixo não é apenas urbano. Pelo contrário. Cerca de 70 por cento dos detritos recolhidos nas praias provêm de embarcações e da atividade piscatória.
Ricardo Machado, que desenvolve ações de sensibilização nas escolas da região, procura agora acordos e parcerias para conseguir equipamento para melhorar a recolha, como braços extensíveis e luvas, sendo que já garantiu os sacos de plástico reutilizados.
Na lista de objetivos do mentor do movimento está um mais ambicioso – a aquisição de uma moto4 com atrelado, de forma a agilizar a recolha de lixo nos areais.