As chaves estão entregues e a camisola número 9 não será utilizada por nenhum jogador do HC Turquel nos próximos cinco anos. Durante a gala do 60.º aniversário do clube, realizada na noite da passada sexta-feira, no pavilhão da aldeia do hóquei, a Direção dos Brutos dos Queixos homenageou o legado de Vasco Luís – figura maior do clube que se despediu dos rinques após 33 anos ao serviço do HC Turquel, 20 das quais na equipa sénior –, entregando-lhe as chaves do cofre onde ficará guardada a camisola até 2029.
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“Temos de prestar as homenagens em vida e é o que queremos fazer aqui hoje. Vasco, a camisola número 9 ficará guardada neste cofre do clube durante cinco anos, mas a chave vai contigo para que só tu o possas voltar a abrir”, elencou o presidente, num dos momentos altos da Gala Diamante.
Paulo Bértolo sublinhou ser um “tributo devido” a uma lenda do HC Turquel, acrescentando, no entanto, que não poderá ser uma “decisão eterna”, pois o “número ‘9’ integra a numeração do clube” e, quiçá, daqui por uns anos, haja algum atleta que lhe queira “seguir as pisadas” e que pretenda “ter a responsabilidade” de trilhar caminho igual aquela que é uma verdadeira (talvez, a maior) referência do emblema turquelense.
A homenagem efetuada a Vasco Luís, que marcou 794 golos em mais de 550 jogos pela equipa sénior, foi o momento alto da noite de celebração, motivando novo discurso emocionado do eterno capitão. Ele que recordou uma carreira em que poderia ter seguido caminhos diferentes, mas que, “por amor ao HC Turquel”, sempre sentiu que era no clube que devia estar. Já após um vídeo com alguns dos melhores momentos da carreira, o número 9 foi brindado com algumas ofertas e não esqueceu todos aqueles que contribuíram para um trajeto ímpar.
Os colegas de equipas, treinadores, diretores, amigos do clube e, sobretudo, os pais e a mulher, a quem deixou um emocionado agradecimento – naquele momento não se esconderam as lágrimas – pela importância que têm na sua vida e que tiveram neste caminho verdadeiramente peculiar no desporto nacional. Afinal, o primeiro amor foi mesmo amor para a vida toda e a história de Vasco Luís jamais será dissociável da história dos Brutos dos Queixos.
Já depois da cerimónia, o maior goleador do HC Turquel conversou com o REGIÃO DE CISTER, revelando que gostava que a sua história servisse de inspiração para as gerações futuras.
“Não estava nada à espera de ficar com uma chave de um cofre no qual vai ficar guardada a camisola 9 durante alguns anos. É no mínimo original. É uma homenagem que tenho que a sentir. E sinto”, começou por afirmar. Vasco Luís admitiu que tudo o que aconteceu na gala foi uma homenagem que não vai conseguir “retribuir por palavras”. “Foi muito emotivo. Foram 33 anos em que saio de consciência tranquila e isso é o mais importante”, notou o turquelense, sustentando que o “maior legado” que poderá deixar é que “futuro surja um novo Vasco Luís com o mesmo amor e dedicação pelo HC Turquel”. “Se as gerações vindouras seguirem um trajeto parecido ao meu em termos de longevidade, porque não?”, questionou.
Durante a homenagem, foi exibido um vídeo com alguns dos melhores momentos de Vasco Luís, num trajeto que, sublinhou, foi realizado da maneira que entendeu ser a que o fazia feliz. “Muitos pensam que devia ter saído quando houve oportunidade, mas não tenho qualquer arrependimento das decisões que tomei. Não saí porque não quis, porque não se proporcionou e porque me sentia feliz e realizado neste clube”, justificou.
Terminada a carreira de jogador, impôs-se colocar a pergunta: os adeptos podem esperar um regresso de Vasco Luís ao HC Turquel noutras funções? “Voltarei. Seja em que função for. Serei sempre do HC Turquel. Este é o meu clube e vou voltar certamente”, seja na condição de “adepto, para treinar, ser diretor, roupeiro, mecânico, é o que for”, adiantou, concluindo que perceber que fez “parte da história do clube é um orgulho tremendo”. “Mas foi um caminho que fiz com muita gente boa”, stickou o capitão.
A Gala Diamante, que assinalou os 60 anos da fundação do Hóquei Clube de Turquel, destacou aqueles que, ao longo das seis décadas, ajudaram o clube a colocar o seu nome entre os notáveis em Portugal. Alguns dos quais subiram a palco para receberem esse reconhecimento e serem aplaudidos pelos demais.