Desde cedo percebeu que não queria seguir as pegadas do pai e do avô, marcados pela dura vida da pesca. Quando, aos 11 anos, completou a 4.ª classe, procurou trabalho no comércio e começou a vida profissional numa loja de artesanato. Hoje, aos 76 anos, é proprietário de duas lojas. A Concha, que explora há mais de quatro décadas, e a Casa Ruby, nas suas mãos há 26.
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José António Freire é um homem do Sítio que passa mais tempo na Praia da Nazaré, com o mar à frente, mesmo na marginal. “Onde me sinto bem é aqui”. A frase resume a dedicação de décadas aos “souvenirs” que cativam os visitantes.
Já tinha A Concha – que era uma loja de cestos – há uns 20 anos quando ficou com a Casa Ruby, no final da década de 1980. À época, a Casa Ruby vendia quase exclusivamente bonés e barretes de pesca, tradicional indumentária que chegou a ter muita procura tanto de locais como de estrangeiros. “Quando fiquei com o negócio, a procura já era pouca e fui tendo outros artigos, sobretudo artesanato da Nazaré”, conta o comerciante, que hoje vende toda a espécie de recordações da Nazaré. Ali não falta o “merchandising” das ondas gigantes, em perfeita harmonia com os mais tracionais objetos da cultura nazarena.
Para José António Freire há um antes e um depois das ondas, ou da sua abertura ao mundo. “A grande diferença que se nota na Nazaré é depois de 2011. Até aí, durante o inverno poucos turistas ficavam na Nazaré”, reflete o comerciante, que nota ainda diferença no tipo de turista. “Vinham muitos franceses e outros europeus, que identificávamos com facilidade. Agora chegam de todo o lado, de tal forma que tenho dificuldade em identificar algumas nacionalidades”, descreve o nazareno, para quem também mudaram os tempos das excursões que levavam os turistas à Nazaré por pouco mais de uma hora. “Hoje vêm para ficar porque as ondas gigantes deram um grande impulso à Nazaré”, considera José António Freire.
À porta das duas lojas, que são confinantes e em zona de grande tráfego pedonal, o comerciante abre as portas diariamente com o mesmo entusiasmo de outrora. “Não me imagino a fazer outra coisa”, confessa o lojista.
Entre a Casa Ruby e A Concha vão estando também a filha e o filho, que dão a José Freire a garantia de que a tradição do comércio se manterá na família.