A Cáritas Paroquial de Alcobaça tem apoiado cada vez mais pessoas carenciadas a encher o frigorífico. Desde o início do ano, os apoios para alimentação aumentaram em cerca de 400%. Quem o confirma é Mafalda Catela, uma das voluntárias do grupo sociocaritativo da igreja.
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“Este ano verificámos uma mudança do paradigma no apoio que prestamos, falo dos apoios alimentares. Antes havia mais apoios para as rendas e para as despesas de casa, como água e luz. Posso garantir à vontade que o apoio à alimentação tem subido uns 400%”, explica a voluntária, lembrando o papel fundamental da Cáritas em “ajudar as pessoas mais carenciadas do concelho de Alcobaça”. “Temos meses de gastar 300 euros em alimentação, fora todos os outros apoios que prestamos”, revela.
“A nossa ação sociocaritativa, de há uns anos para cá, começou a ter outra abrangência porque começámos a trabalhar em rede com todos os parceiros sociais, fazemos parte da Comissão Social de Freguesia“, lembra Mafalda Catela, explicando que a ajuda da Cáritas é dada em situações de emergências e em apoios continuados ao longo do mês.
“A Cáritas serve como apoio de emergência nos casos em que é necessária uma resposta na hora e as instituições não conseguem dar. A título de exemplo, apoiamos a pessoa que sai do hospital e precisa de medicação para aquele dia“, nota.
Por outro lado, o grupo de voluntários presta um apoio continuado: “Estamos a complementar os apoios que vêm do Banco Alimentar, que não consegue dar resposta a tudo, principalmente na área dos frescos, como o pão, a carne, o peixe, o fiambre, o queijo, etc”, acrescenta. Mafalda Catela lembra também o “apoio psicológico” dado pela Cáritas: “Temos a loja solidária instalada no Mercado Municipal e a maioria das pessoas que nos visita não é para comprar nada, é para falar, é para desabafar”.
“A maioria das pessoas que ajudamos não nos pedem apoio diretamente, muitas vezes é a comunidade que nos alerta para determinados casos”, refere a porta-voz. “Temos verificado um aumento de apoio a pessoas da comunidade brasileira e dos PALOP”, adianta a voluntária, explicando que o grupo “trabalha em rede para cruzar dados, averiguar necessidades e complementar apoios”, acrescenta.
Ainda sobre os apoios continuados, “há um apoio muitas vezes esquecido”, que tem a ver com o período em que há baixas médicas. “Uma mãe que tenha de ficar em casa e ganhe o ordenado mínimo é-lhe impossível pagar todas as contas desse mês”, refere Mafalda Catela.
Por esta época, a Cáritas vai entregar cabazes de Natal a 115 famílias sinalizadas, com a ajuda de donativos de particulares e empresas. “É muito bom podermos proporcionar um Natal mais descontraído, é muito difícil lutar todos os meses com falta de dinheiro e falta de comida”, sublinha. Os cabazes, com cerca de 20 produtos diferentes, vão ser entregues a partir do dia 16.