Quarta-feira, Agosto 27, 2025
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Educação e formação em Portugal nos estudos internacionais (1)

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Acontece que, segundo os especialistas, os resultados das políticas educativas apenas produzem efeitos mensuráveis depois de transcorridos cerca de 20 anos.

Gaspar Vaz

Hoje, se nos falta a realidade, temos “perceções” dela. Recentemente, saiu um estudo da OCDE sobre a competência dos adultos. As análises desses resultados produziram explicações desapiedadas para o estado da educação, como se, de repente, tudo estivesse virado do avesso – tal como “acontece” com a segurança… Acontece que, segundo os especialistas, os resultados das políticas educativas apenas produzem efeitos mensuráveis depois de transcorridos cerca de 20 anos. Talvez seja por isso que se titubeia tanto neste domínio…

A análise desta matéria aconselha o seu desdobramento em duas crónicas. Deste modo, nesta, pronunciar-me-ei sobre este estudo em concreto. Numa segunda, darei uma vistinha de olhos, não sobre o último (de 2022), mas sobre todos os estudos PISA, realizados neste milénio.

A propósito do “Inquérito às Competências dos Adultos 2023 / OCDE”, há que reconhecer que os portugueses entre os 16 e os 65 anos revelaram um desempenho deficiente. Em literacia, 42% dos nossos adultos obtiveram apenas pontuação no nível 1. Porém, nos outros domínios (“Numeracia” e “Resolução adaptativa de problemas”) os resultados são da mesma natureza. Espanto? Só para alienígenas. Este estudo cobre um universo que vai até aos 65 anos. Ora, como era a educação em Portugal em 1965, ano em que nasceram os mais velhos desta amostra? Os censos de 1970 referem profissões já desaparecidas, situações na profissão algo bizarras(salários ao dia, à semana, à quinzena, ao mês, à tarefa…), mas referem, sobretudo, uma realidade dolorosa, no que à educação diz respeito A extensão da escolaridade obrigatória para 4 anos, instituída pelo Decreto-Lei 40964/56, entretanto aumentada para 6 anos pelo decreto-lei 45810/64, limitava-se aos “menores do sexo masculino” e com caráter limitado, reconhecendo “a condição económica daqueles encarregados de educação para os quais o trabalho dos filhos representa achega valiosa”. Assim, por essa altura, o analfabetismo cifrava-se em cerca de 50%, esse, sim, um resultado humilhante. Face a este histórico, os resultados do Inquérito da OCDE normalizam-se um pouco.

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