Maria Luísa Bártolo começou aos 17 anos a pentear e a arranjar cabelos junto do pai, um dos primeiros cabeleireiros da Benedita, e hoje, aos 63 já contabiliza 45 anos de ofício, o único que conheceu na carreira e o qual desempenha num espaço particular há 28 anos.
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É um espaço familiar e prova disso é o facto de ali já terem passado várias gerações da mesma família. “Pelo meu salão já fui conhecendo três e quatro gerações da mesma família”, partilhou a beneditense ao REGIÃO DE CISTER, confidenciando que “houve amiga/os que se tornaram clientes e clientes que, com o tempo, se tornaram amiga/os”. “Tenho pessoas que permanecem fiéis há 30 anos”, atirou ainda.
E tudo começou por herança familiar, tendo sido a única de três filhos a seguir, a tempo inteiro, as pisadas do pai, Venâncio, um dos primeiros cabeleireiros da freguesia. “Nasci e cresci neste ofício. No início aprendi tudo com ele e os primeiros cortes e arranjos foram sempre com a supervisão dele”, recordou a beneditense, que ajudava regularmente o pai e que, anos mais tarde, viria a tirar uma formação na área. “Aí foi mais fácil porque já tinha a escola toda”, confessou, acrescentando que os irmãos sabem o ofício, mas que enveredaram por outros caminhos.
Todavia, os tempos já não são o que eram e o negócio também já não vive dias tão fulgorosos. “Antigamente o ritmo era mais intenso, mas também não havia cabeleireiros nem barbeiros como existem hoje”, justificou a beneditense que “dá conta sozinha do negócio”, apesar já ter tido colaboradores ao longo dos anos.
“Há dias mais acelerados – às sextas-feiras sou capaz de atender mais de uma dezena de clientes –, mas há outros bem mais calmos e em que atendo muitos menos clientes”, contextualizou Maria Luísa Bártolo, que abre as portas de terça-feira a sábado. Ainda assim, este período de funcionamento será reduzido em breve, uma vez que a profissional do ramo já está a preparar a reforma e, por isso, vai laborar com um horário mais reduzido.
“Não vou largar totalmente, mas vou tentar juntar mais pessoas nos mesmos dias e, assim, vir menos vezes ao salão”, explicou a beneditense que, apesar de querer reformar-se, não pretende deixar por completo o ofício. “Até para manter, de certa forma, a minha atividade”, disse.
Todavia, Maria Luísa Bártolo sabe também que no dia em que decidir encerrar a atividade profissional, será o dia em que o estabelecimento fechará portas. “Tenho uma filha, mas mora em Inglaterra e tem outras ambições profissionais que não estão ligadas a esta área”, revelou ainda a empresária, conformada com o rumo dos acontecimentos e realizada com uma profissão que escolheu também para honrar o falecido pai, patente numa das fotografias que faz questão de exibir bem no centro do estabelecimento comercial.