Começam a chegar, um após o outro, depois do almoço, ao recinto dos campos de ténis da Alva, em Pataias. Juntam-se todos os dias, desde que não chova, e já chegaram a ser quase duas dezenas a jogar petanca. Começaram a reunir-se no período da pandemia, já lá vão cinco anos, inicialmente junto à moradia de um deles, residente na localidade. Mudaram, entretanto, para junto dos courts de ténis, propriedade da Casa de Pessoal da Cibra, de quem receberam autorização.
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Marcaram quatro campos, que precisaram de ser nivelados com a ajuda da Junta e da Câmara. “Vieram cá cilindrar o terreno”, descreve Manuel Marques, responsável por levar o jogo para a União de Freguesias de Pataias e Martingança. Todos levam a sério as competições amadoras de uma modalidade que até é federada. Recentemente, o grupo de Pataias arrecadou os três primeiros prémios numa competição amigável em Famalicão da Nazaré.
Passam horas entretidos com o jogo de origem francesa, criado no início do século XX. Joga-se com triplas (3×3, com 2 bolas cada um) e duplas (2×2, com 3 bolas cada um) ou individualmente (1×1, com 3 bolas cada um). O jogo consiste no lançamento de uma série de bolas metálicas, com o objetivo de ficar o mais próximo possível de uma pequena bola de madeira (cochonette), lançada previamente por um jogador.
São maioritariamente homens, mas também há mulheres a praticar a modalidade em Pataias. Muitos dos praticantes são estrangeiros. Nem todos os que ali jogam estão aposentados. “Deve ser meio por meio”, estima José Manuel Azevedo, outro dos pioneiros da petanca em Pataias. Quem tem atividade profissional, encontra tempo para fazer uns lançamentos, até porque quase sempre estão em jogo até às 19 horas. De vez em quando, promovem uns lanches e umas sardinhadas, conta Manuel Marques.
A petanca afasta-os das outras rotinas do dia a dia. “Se não estivesse aqui estava a cortar a relva”, atira um dos jogadores. Outro diz que “estava a dormir a sesta” e todos são unânimes em afirmar que estão melhor ali, a lançar bolas na esperança de pontuar. Com os dias mais curtos no inverno, quando anoitecia chegaram a jogar à luz dos faróis dos carros, que colocavam estrategicamente à volta do campo. “A Junta já garantiu que põe aqui um holofote”, anuncia Manuel Marques, que tem esperança que o recinto receba ainda mais melhorias.
A petanca, que chegou a Portugal na década de 1980, é uma modalidade muito praticada sobretudo no Algarve. A Federação Portuguesa de Petanca tem sede em São Brás de Alportel, distrito de Faro.