O Clube Recreativo Beneficente Valadense alcançou uma centena de anos, mas tem o fulgor de um jovem, a avaliar pelo programa que está a ser preparado para assinalar o centenário.
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A coletividade, que nasceu em 1925, vai promover, durante o ano, a exposição “Um século de memórias” de fotografias, cartazes e espólio que ajuda a contar a história do clube e dos valadenses. No programa do centenário está ainda previsto um colóquio sobre a relação entre associativismo e a comunidade, que deverá acontecer em setembro, bem como um festival de teatro, também agendado para o final do ano.
O salão da coletividade, considerada a sala de visitas de Valado dos Frades, respira história. Alguns dos antigos bancos em madeira foram preservados, tal como a máquina de projeção de cinema, que foi um dos grandes símbolos do clube. Afinal, era ali que outrora os valadenses viam filmes, através da sala de projeção, onde atualmente funciona o bar. As instalações, que datam de 1958, conheceram melhorias há cerca de uma década, quando os atuais órgãos sociais tomaram as rédeas da coletividade. “O Clube estava moribundo”, recorda Vítor Ferreira, presidente da Assembleia. O dirigente conta que foi graças a um grupo de cidadãos, à Câmara da Nazaré, à Junta de Valado dos Frades e à Universidade Sénior da Nazaré que as melhorias foram surgindo.
Hoje, a arte continua a mover a associação, muito por culpa da Companhia de Teatro do Clube. “O teatro é um dos focos principais da coletividade”, resume o presidente da Assembleia. O grupo de atores amadores leva à cena cerca de duas a três produções por ano. A mais recente, “Médico à força”, encheu, invariavelmente, a sala de público. O espetáculo de abertura do ano foi em janeiro, quando parte da festa foi dedicada ao 25 de Abril, com a participação da comunidade escolar nas canções de Abril.
O salão do clube, com capacidade para 400 pessoas sentadas, é, de resto, a sala escolhida para os bailes de Carnaval, o Baile das Comadres, noites de fados ou várias edições do Festival de Jazz do Valado. “Está a precisar de um teto novo e de outro tipo de iluminação”, refere Vítor Ferreira, que reconhece a necessidade de recorrer à Câmara e à Junta para apoios.
A exposição que está a ser organizada não seria tão rica sem o grande contributo de Alberto Santos, sócio mais antigo da casa, que faleceu na passada semana, e que deixou um legado de espólio da coletividade. “Ele foi um verdadeiro investigador do Valado”, enaltece Vítor Ferreira, que conta que a fotografia mais antiga na mostra é do início do século XX e ilustra a Real Phylarmónica Valladense, a primeira que existiu em Valado dos Frades.
O colóquio sobre associativismo é outro dos eventos ansiados pelos dirigentes do Clube Valadense. “A nossa preocupação com o voluntariado no associativismo é muito grande”, admite o presidente. Na calha está também a organização de um festival de teatro, com as várias companhias da região, para o qual Vítor Ferreira confessa que o clube gostaria de contar também com teatro infantil.