Há 30 anos, arrancou a Liga Record em Portugal, um jogo de futebol virtual onde os participantes se tornam treinadores e que envolve milhares de pessoas em todo o país.
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Na 30.ª edição, o primeiro prémio foi conquistado pelo pataiense Paulo Silva, que vai receber um automóvel. Quando arrancou a Liga Record, que é conhecida noutros países por Fantasy Football, estávamos em 1995 e estava a ser disputada a 5.ª jornada da Liga Portugal. Paulo Silva começou a jogar desde a primeira hora. “Naquele tempo as transferências de jogadores eram feitas por telefone”, recorda o coproprietário de um centro de explicações em Pataias, em declarações ao REGIÃO DE CISTER. “A minha geração passou por isso tudo, sem internet”, lembra Paulo Silva.
O advento e a globalização da internet trouxeram mudanças e, com elas, mais pessoas entraram na competição. “Participo para me entreter. Como gosto e acompanho os jogos, passei a ter este passatempo”, conta o vencedor, que já tinha arrecadado alguns prémios semanais, mas nunca o grande prémio final. A equipa de Paulo Silva saiu vencedora entre mais de 50 mil equipas a nível nacional. “Parti para a última jornada com 15 pontos de avanço”, relata.
Na competição, os participantes têm um orçamento e escolhem, no arranque da época, em setembro, 23 jogadores por cada equipa que queiram constituir, sendo que cada equipa custa três euros e o jogo oferece uma equipa gratuita por cada três inscritas. O pataiense esteve em prova com 25 equipas. “Não faço como os profissionais, que chegam a ter 200 ou 300 equipas”, descreve.
Em cada jornada, os participantes da Liga Record têm de escolher o 11 com que jogam nessa semana. Depois, é preciso saber, por exemplo, que o jogador escolhido como capitão de equipa vale pontos a dobrar por cada golo marcado. Apesar de ser explicador de matemática, Paulo Silva não faz cálculos em folhas de Excel, nem recorre a qualquer estratégia, para além de conhecer bem o desporto e estar semanalmente bem informado. “Não vou a pormenores, faço as minhas equipas e as minhas escolhas, mas, como em tudo, quem não sabe, não ganha”, considera o jogador virtual, que não dispensa um jornal desportivo diário, em formato físico, como gosta de frisar. “Sempre o jornal físico”, sublinha o pataiense, que lembra que, já com 10 anos de idade, gastava toda a semanada em jornais.
É a partir de casa que também participa no jogo do site da UEFA “há muitos, muitos anos” e de onde saiu, há várias décadas, com uma PlayStation que ainda não era comercializada em Portugal. Já chegou até a participar em competições de surf virtuais na Austrália. “Tenho o bichinho da competição”, admite Paulo Silva. É, geralmente, à sexta-feira de manhã que dedica algumas horas ao desafio da Liga Record, “porque o mapa de lesões dos jogadores sai à quinta-feira”. Em agosto, começa a preparar a próxima época. O pataiense Paulo Silva sabe que venceu um automóvel, mas ainda não tem ideia que marca e modelo de veículo será. Como já tem um e não precisa, o mais certo será optar por vendê-lo.