Foi a primeira casa comercial do género a instalar-se na Rua Sub-Vila, na Nazaré, na década de 1960, à data para vender têxteis, artigos de costura e brinquedos.
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“Nesta rua não havia nada. Naquele tempo, as lojas nem tinham nome”, recorda Isabel Simões, filha da fundadora da Casa Belita, que tomou as rédeas do espaço comercial em 1975, após o falecimento da mãe e da irmã. O pai tinha partido década e meia antes. Isabel trabalhava no Crispim, na confeção de artigos regionais que seguiam para outras paragens, nacionais e estrangeiras, até assumir os destinos da loja da Sub-Vila.
A casa comercial era, então, uns metros ao lado, na esquina entre aquela artéria e a Travessa do Açougue. Em 2009, o edifício foi reformulado para a disposição atual e a Casa Belita, que até ali não tinha montra, ficou como hoje a conhecemos.
Foi Isabel que deu o nome à loja, que é gerida por ela e pelo marido, Florentino, há 50 anos. Ali vendem-se têxteis, com destaque para os jogos de cama, os pijamas e a roupa interior. “De inverno, a clientela é da Nazaré e no verão há de tudo um pouco”, conta Isabel. “No verão, vendem-se mais toalhas, calções e lençóis, enquanto o inverno é mais forte em pijamas e lingerie”, relata Florentino Simões.
Certo é que muito mudou nas últimas décadas. “O pequeno comércio foi muito penalizado com as grandes superfícies”, constata Isabel, que sabe que os tempos áureos do comércio local já lá vão. A casa passou por períodos difíceis, reconhece o casal Simões, que, todavia, não se intimidou com a pandemia. Confessam que continuaram a vender, ainda que de porta fechada, por via das encomendas que iam recebendo pelo telefone. “Não me custou a pandemia, porque, na verdade, nunca tinha tido férias em décadas e soube-me muito bem aquele tempo em casa”, confidencia a lojista.
“Antes, trazia 50 caixas de linhas e de agulhas e vendia-se tudo num instante. Agora está parado”, analisa o comerciante, que reconhece que a loja se mantém graças aos clientes da terra. “O destino destas casas é encerrar”, lamenta Florentino, ciente de que “quem tiver de pagar uma renda, não suporta”.
O mais certo é ser esse o destino da Casa Belita quando o casal deixar o negócio. “Trazer a família para este ramo, não dá”, refere Isabel. Florentino concorda e acredita que o futuro da loja passa pela mudança do ramo de negócio. Não será, porém, nas mãos do casal Simões. “Ainda não me reformei porque a reforma é muito pequenina”, explica a comerciante, que garante manter a loja “enquanto puder”, até porque “se a gente se fecha em casa, morre”.