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O professor, ensaísta, filósofo, poeta e escritor português Paulo Borges confiou grande parte do seu espólio à União de Freguesias de Pataias e Martingança (UFPM), que conta agora com várias obras raras e a mais vasta bibliografia sobre Paredes da Vitória.
O pataiense, que esteve radicado em Caldas da Rainha e regressou recentemente às raízes, reuniu durante décadas livros e documentos sobre a localidade costeira, na sequência de uma investigação que empreendeu, por encomenda da Junta, há cerca de duas décadas, mas que não chegou a ser publicada, após um problema informático ter apagado todo o trabalho. À data, Paulo Borges procedeu a escavações arqueológicas e os achados encontram-se no arquivo da UFPM.
Em resultado, 130 livros e um sem número de documentos avulso, bem como obras fotocopiadas, compõem o maior fundo sobre Paredes da Vitória. Entre as preciosidades, uma monografia iniciada pelo padre Franklim Henriques da Cunha, pároco de Pataias responsável por várias obras, entre elas a construção da nova igreja de Pataias. Liderou a comissão para a criação da estação Regional dos correios e foi diretor e editor do extinto jornal “Voz da Paróquia”, fundamental para o conhecimento da história local.
“Há autênticas relíquias”, comprova o historiador Tiago Inácio. No manuscrito do pároco, de 1960, são descritas as vias de comunicação, num momento em que tinha sido construída a estrada para a Cruz da Légua, e, entre muitos outros aspetos, os problemas com a água. “No capítulo fontes, estamos muito mal servidos na paróquia”, descreve o padre, que contabiliza apenas uma fonte em Pataias “em péssimas condições” e uma situação mais animadora na Martingança e nos Pisões, onde havia mais fontanários.
Entre a coleção, encontram-se vários livros raros e originais do escritor, etnólogo, arqueólogo e agrónomo alcobacense Manuel Vieira Natividade. “É uma excelente coleção”, classifica o historiador, que lamenta que Paulo Borges não tenha chegado a qualquer conclusão quanto à localização do porto de Paredes da Vitória.
O espólio do escritor inclui também toda a coleção do extinto Jornal de Pataias (1981-2007), parte do qual encadernada. “A Junta já tinha tudo em formato digital e há muito que andava a tentar reunir a coleção toda, que agora aparece assim”, conta, visivelmente satisfeito, o historiador ao serviço daquela autarquia.
O presidente da Junta não hesitou no momento de aceitar a proposta de Paulo Borges. “É um importante acervo sobre as Paredes e sobre Pataias, que não fica em mãos de privados, correndo o risco de desaparecer. Assim, é um bem público, que todos podem consultar”, refere Valter Ribeiro.
O espólio confiado à UFPM encontra-se numa sala reservada da Biblioteca de Pataias e está disponível para consulta pública, sob marcação.