Os protagonistas são os trabalhadores da antiga fábrica de cerâmica Vestal, na Vestiaria, que nasceu em 1947 e laborou até 2003. A história é contada por Hélder Sacadura e os ingredientes foram disponibilizados pela União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria (Ufav), que promove o lançamento da obra “O.V. – Olaria Vistal, Vistal, Vestal, Batista & Almeida, Lda” no próximo dia 29.
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“Este projeto nasce da aquisição, pela União das Freguesias de Alcobaça e Vestiaria, de todo o espólio administrativo da antiga fábrica Vestal, um património de enorme valor histórico e identitário para a nossa comunidade”, explica ao REGIÃO DE CISTER, a presidente da Junta. Aquela autarquia desafiou Hélder Sacadura, que já assinou uma obra sobre os 100 anos da Filarmónica da Vestiaria, a desenvolver uma investigação rigorosa sobre a Vestal. “Em conjunto com o contributo de muitas pessoas e entidades, resultou numa obra de grande qualidade”, classifica Isabel Fonseca, que esclarece que a UFAV liderou todo o processo, “convicta de que preservar a memória da Vestal significa também preservar a história, a cultura e a identidade de Alcobaça e Vestiaria”.
Para a autarca, “mais do que um livro, trata-se de um registo para sempre de todos quantos trabalharam e elevaram a marca da cerâmica, deixando um legado que nos orgulha e inspira”.
Hélder Sacadura encontrou um “espólio muito antigo e muito vasto”, que lhe permitiu chegar aos nomes dos trabalhadores ao longo das décadas. “Ao fim e ao cabo, a história da Vestal é a história da freguesia”, considera o autor, que contabiliza 550 pessoas que trabalharam na fábrica. Depois de quatro anos de trabalho, Hélder Sacadura conseguiu entrevistas e milhares de fotografias das peças produzidas e pintadas à mão pelos trabalhadores da Vestal. Entre elas, muitas facultadas pela família Couto Serrenho, detentora de enorme espólio de peças feitas nas unidades fabris alcobacenses nos anos 40 e 50 do século passado. “Diz-me muito”, confidencia o vestiariense, nascido e criado na terra, que conviveu de perto com a maior parte dos protagonistas da história, “do mais ilustre pintor à mais humilde senhora da limpeza”.
“Não é só o luto da Vestal, é o luto da cerâmica de Alcobaça. A Vestal até foi das mais resistentes. Foi das últimas a pintar o azul de Alcobaça e em 2003 ainda tinha uma coleção”, considera Hélder Sacadura, que não esconde o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido. “Foi muito enriquecedor lidar com pessoas de 80 e tal e 90 anos e ouvir as suas histórias”, descreve o autor, para quem “a homenagem que lhes é feita é falar da vida deles”.
Num verdadeiro tributo às raízes da Vestiaria, a obra é apresentada a partir das 17 horas de dia 29, nas instalações da própria fábrica.