Faleceu esta quinta-feira, aos 83 anos, Álvaro Laborinho Lúcio, uma das personalidades mais marcantes da Nazaré e da vida pública portuguesa das últimas décadas.
Nascido na Nazaré a 1 de dezembro de 1941, destacou-se ao longo de uma carreira notável no serviço ao Estado e à Justiça. Foi ministro da Justiça entre 1990 e 1995, nos governos de Aníbal Cavaco Silva, ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, secretário de Estado da Administração Judiciária e deputado à Assembleia da República. Desempenhou ainda cargos de relevo na magistratura e na formação jurídica, sendo reconhecido como um homem de causas e de integridade exemplar.
Foi distinguido com várias condecorações, entre as quais a Grã-Cruz da Ordem de D. Raimundo de Peñaforte, atribuída pelo Rei de Espanha, e a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, conferida pelo Presidente da República Portuguesa.
Laborinho Lúcio manteve sempre uma forte ligação à cultura e à sua terra natal, tendo ajudado, em jovem, a criar o Grupo de Teatro da Nazaré. Já depois dos 70 anos, aventurou-se na literatura, publicando O Chamador (2014), O Homem que Escrevia Azulejos (2016), O Beco da Liberdade (2019), As Sombras de uma Azinheira (2022), A Vida na Selva (2024) e Marília ou a Justiça das Crianças (2025), além de diversas obras de reflexão jurídica e social.
O Município da Nazaré decretou luto municipal pelo falecimento, destacando o legado do jurista e escritor “nas várias áreas, que se espera que permaneça vivo na nossa terra e inspire novas gerações”. A autarquia sublinha ainda o “orgulho e reconhecimento” pela ligação contínua do magistrado à Nazaré.
O velório terá lugar esta sexta-feira, na Capela de Nossa Senhora de Lourdes, em Coimbra, onde residia. O funeral realizar-se-á este sábado, na Nazaré.
Multiplicam-se as notas de pesar de entidades públicas, personalidades da cultura, da Justiça e da política, recordando a carreira, o legado e a dimensão humana de Álvaro Laborinho Lúcio.