Quando uma menina vestia calças ainda era motivo de estranheza, houve uma turquelense que desafiou vários estigmas. Hercília Vicente foi a primeira mulher a tocar trompete no Conservatório Nacional de Música, em Lisboa, e foi a primeira mulher executante da Sociedade Filarmónica Turquelense.
Quando uma menina vestia calças ainda era motivo de estranheza, houve uma turquelense que desafiou vários estigmas. Hercília Vicente foi a primeira mulher a tocar trompete no Conservatório Nacional de Música, em Lisboa, e foi a primeira mulher executante da Sociedade Filarmónica Turquelense.
A música sempre fez parte da vida da turquelense. O pai e tios fizeram parte do conjunto mítico “Os Irmãos Vicente” e, por isso, o trompete quase lhe caiu nas mãos por acidente. O instrumento foi uma imposição do pai, mas a música não se importou e dedicou-se de corpo e alma à aprendizagem do instrumento.
Naquela época, não era “normal uma menina tocar em bandas filarmónicas”, quanto mais um instrumento como o trompete, que era exclusivamente masculino. Naquela época, as “meninas tocavam piano”, conta. Mas isso não impediu a artista de acompanhar a Banda um “pouco por todo o lado”. Enquanto isso, a artista não se apercebeu das barreiras que ultrapassava. “Foi só anos mais tarde é que tive noção da estranheza que a minha atividade causava junto de alguns artistas e muitos dos espetadores que assistiam aos concertos da filarmónica de Turquel”, conta a artista.
Enquanto frequentava o Conservatório Nacional de Música, Hercília Vicente começou em 1980 a dar aulas de música na escola Frei Estevão Martins, em Alcobaça, e desde então, nunca mais deixou o ensino. De facto, a educação é, a par do trompete, uma das paixões da turquelense e, por isso, faz questão de aproximar os alunos ao mundo da música, motivando-os para a prática de algum instrumento. E tem tido alguns frutos. A professora orgulha-se de ter influenciado muitos dos músicos mais reputados das gerações mais novas de alcobacenses.