Aos 26 anos, Diogo Rafael atingiu o ponto mais alto numa carreira que começou, como não poderia deixar de ser, no HC Turquel. O primeiro treinador de “Chiquinho” nos Brutos dos Queixos recorda as primeiras stickadas do agora campeão europeu, definindo-o como “um predestinado”.
Aos 26 anos, Diogo Rafael atingiu o ponto mais alto numa carreira que começou, como não poderia deixar de ser, no HC Turquel. O primeiro treinador de “Chiquinho” nos Brutos dos Queixos recorda as primeiras stickadas do agora campeão europeu, definindo-o como “um predestinado”.
“Com 8 anos já era um fora de série e não gostava de perder, nem a feijões. Como se costuma dizer, era o Diogo e mais quatro”, relembra José Manuel Pedro, que muitas vezes recebeu o futuro craque em casa nas vésperas dos jogos. “Treinei-o durante duas épocas e ele dormia em minha casa, porque quando os jogos eram fora aos domingos de manhã era preciso sair cedo de Turquel”, recorda o “técnico”, que pegou na equipa “porque não havia mais ninguém”.
“Eu não tinha curso e o hóquei tinha pouca gente envolvida, pelo que tive de agarrar a equipa. O Diogo já fazia a diferença, tinha uma patinagem fora do normal e uma maneira de jogar fora do comum”, salienta o atual comentador da HCTv, que garantiu em 1997/98 o título de campeão nacional de infantis B, o primeiro troféu da carreira de Diogo Rafael. Que tem uma bela história que merece ser contada.
“A modalidade evoluiu muito. Recordo-me que chegámos à última jornada do regional e não sabíamos a classificação, porque tínhamos perdido um jogo na secretaria por não termos apresentado um segundo guarda-redes. Fomos a Peniche e perdíamos por 3-1 ao intervalo, quando nos disseram que seríamos campeões em caso de vitória. Disse isso ao Diogo no balneário e acabámos por vencer por 4-3! Depois fomos à fase final e acabámos por ser campeões nacionais”, relembra José Manuel Pedro, de 53 anos, que também chegou a castigar o jogador quando a situação assim o impunha.
“Ele tinha feito qualquer coisa durante a semana antes de um jogo com o Sp. Marinhense e meti-o de castigo. Ficou no banco a 1.ª parte e estávamos a perder. Ao intervalo, disse-me que ou ele entrava ou perdíamos o jogo. O certo é que ele entrou e a gente ganhou”, admite o atual responsável pela logística do HC Turquel, que está ligado à modalidade há quatro décadas e que entende que Diogo Rafael tem “capacidade para ser um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos.”
Depois de iniciar a formação nos Brutos dos Queixos, o jogador saiu, em idade de juvenil, para o Benfica, onde terminou o processo formativo e se lançou como jogador profissional, atingindo rapidamente o estatuto de jogador da Seleção Nacional. Pelo Benfica já marcou várias vezes ao HC Turquel e nem tudo correu bem nos despiques com o clube da aldeia do hóquei…
“Há dois anos teve uma atitude que não devia ter tido na Luz, mas pediu desculpa. Algumas pessoas de Turquel ficaram sentidas. Pessoalmente costumo dizer que as desculpas evitam-se, mas já passou”, diz um homem que valoriza a “mentalidade de campeão” que Diogo Rafael sempre evidenciou perante as contrariedades. E aqui fica mais uma história. “Recordo-me que fomos a um torneio a Coimbra e nós íamos jogar com o FC Porto. Alguém nos disse que havia dois jogadores muito bons no adversário e que eram uma equipa muito forte. A verdade é que ganhámos 7-1 e o Diogo foi decisivo”, frisa José Manuel Pedro, que nunca mais voltou a treinar depois de ser campeão nacional, mas continua a servir o clube do coração com a mesma dedicação de sempre, tendo tido um papel relevante no percurso de um turquelense que já foi condecorado pelo Presidente da República.