Eram ainda adolescentes quando decidiram criar o “Talho Helder e Celestino” na cidade que os viu nascer e crescer. Mais de quatro décadas depois, os irmãos Raimundo orgulham-se de manter um negócio “digno e honesto”, de porta aberta.
Eram ainda adolescentes quando decidiram criar o “Talho Helder e Celestino” na cidade que os viu nascer e crescer. Mais de quatro décadas depois, os irmãos Raimundo orgulham-se de manter um negócio “digno e honesto”, de porta aberta. Considerado um dos locais de comércio mais tradicionais de Alcobaça, o talho dos irmãos Helder e Celestino dos Santos Raimundo abriu portas três meses depois da revolução dos cravos, a 19 de julho de 1974, no número 7 da Rua Frei Fortunato, também conhecida como Rua de Baixo, onde ainda hoje permanece.
Helder Raimundo recorda a inauguração como se fosse ontem. “Éramos miúdos quando decidimos criar um negócio”, conta o talhante. “Fui criado, educado e formado neste negócio pelo que as carnes sempre fizeram parte do meu dia-a-dia”, confessa Helder Raimundo ao REGIÃO DE CISTER. “Tive oportunidade de trabalhar noutros negócios e até tive ofertas fora do País, mas decidi ficar em Alcobaça e no talho, pois foi aqui que cresci e onde me sinto em casa”, confessa.
Muito mudou no negócio desde 1974. Embora o percurso do talho tenha sido “regular” ao longo dos anos, o proprietário confessa que “existiram altos e baixos”, que foram ultrapassados graças à união e perseverança da família e colaboradores. “Surgiram os talhos nas grandes superfícies e com a crise as pessoas começaram a optar por ir aos locais mais baratos, o que é compreensível”. Mas, felizmente, Helder Raimundo conta com o “cliente amigo” a entrar diariamente pela porta. “Ao longo dos anos, alguns clientes tornaram-se família e todas as gerações acabam por vir a esta casa”, nota. “Confesso que fico muito feliz quando vejo um casal jovem entrar pela porta e a verdade é que não me posso preocupar com a concorrência. O meu foco tem de ser o meu negócio e fazer o melhor que posso”, sublinha.
Aos 69 anos, Helder Raimundo não imagina a sua rotina longe do talho e o futuro do negócio, que criou com dedicação, é algo que o inquieta. “São muitos anos a trabalhar aqui e o corpo já começa a dar pequenos sinais de cansaço, mas sei que quando eu e o meu irmão não tivermos mais saúde para gerir o negócio, o espaço encerrará portas. Os nossos descendentes têm a vida e as profissões deles, que em nada envolvem o talho”, conta o sexagenário. Os dois irmãos contam com a ajuda de uma colaboradora para que nada falte aos clientes. E como são portugueses e estrangeiros, até os preçários com a identificação das carnes estão em português e inglês.
No Talho do Helder e do Celestino, a assiduidade, a higiene, a frescura do produto e o atendimento próximo ao cliente são os ingredientes para o “exercício digno da profissão”. “Não podemos agradar a todos, mas obviamente que fazemos os possíveis para deixar o cliente satisfeito e aliciado a voltar”, afirma o talhante. “Orgulho-me de ter sido sempre um bom comerciante e é isso que vou levar comigo quando fechar portas um dia”, acrescenta. Daqui a muitos anos, esperemos.