O regresso às aulas presenciais motivou a retoma, parcial, da circulação de transportes urbanos nas cidades. No entanto, os constrangimentos provocados pela redução do horário laboral dos motoristas e pela redução do número de viaturas tem deixado muitos utilizadores apeados.
O regresso às aulas presenciais motivou a retoma, parcial, da circulação de transportes urbanos nas cidades. No entanto, os constrangimentos provocados pela redução do horário laboral dos motoristas e pela redução do número de viaturas tem deixado muitos utilizadores apeados.
Para Paula Amaro, residente em Évora de Alcobaça, o transporte público é o único meio de deslocação para o trabalho. A empregada fabril recorre ainda ao transporte coletivo para se deslocar semanalmente às superfícies comerciais, mas estas “simples” tarefas tornaram-se mais desafiantes desde o início da pandemia. “De um momento para outro o serviço foi parcialmente suspenso e eu fiquei sem forma de continuar com a minha vida. Entendo as razões que motivaram a adoção de certas medidas, mas não podemos ficar apeados”, reclama. Com um horário laboral as 8 às 17 horas e a crescente dificuldade em “apanhar” o autocarro, a eborense optou por recorrer à boleia de vizinhos e familiares. “Por vezes tenho de ficar um pouco à espera, mas dada a falta de opções…não tenho outra alternativa”, lamenta.
A redução do horário de funcionamento das bilheteiras, em vigor desde 1 de abril, foi outro dos fatores que motivou a opção de suspender, ainda que temporariamente, a utilização dos transportes públicos. “Em Alcobaça o horário de funcionamento foi estabelecido entre as 6 e as 11 horas… É difícil tratar, pelo menos presencialmente, de alguns assuntos como a renovação do passe”, revela.
Ao que o REGIÃO DE CISTER conseguiu apurar, o transporte de alunos no concelho da Nazaré, através da Rodoviária do Oeste, também tem apresentado constrangimentos desde a retoma das aulas presenciais.
Os “sérios problemas na mobilidade dos trabalhadores e populações da região” são alvo de denúncia pela Direcção da Organização Regional de Leiria do Partido Comunista Português (PCP). Em comunicado, o PCP de Leiria declara que a situação atual da empresa configura o “não cumprimento do serviço público a que estes operadores estão obrigados”. “ O partido considera inaceitável que os operadores rodoviários de transporte de passageiros se escusem a cumprir a sua função de serviço público essencial na mobilidade das populações. A sede de lucro à custa dos utentes e dos trabalhadores não pode prevalecer sobre o interesse público”, acrescenta.
A Rodoviária do Tejo, grupo de transporte coletivo que opera no distrito de Leiria, entrou em “lay-off”, extensível à totalidade dos seus 750 funcionários, no início do mês de abril.
Em declarações à agência Lusa, Orlando Ferreira, da Rodoviária do Oeste, revelou que a rede de transporte na região do Oeste está a funcionar apenas a 75%, com algumas localidades a não serem servidas por qualquer autocarro e outras onde o número de passageiros sofreu quebras superiores a 90%.
A empresa, que cobre os concelhos norte do Oeste, tem em vigor 18 rápidas. Esta é, segundo Orlando Ferreira, “uma rede em vigor desde 18 de março”, data do regresso dos alunos dos 11.º e 12.º anos de escolaridade às aulas presenciais que motivou alargamento das carreiras interurbanas “para efetuar o transporte escolar, mas abertas também a toda a população”.
De fora da cobertura ficaram várias localidades onde os habituais autocarros ainda não foram retomados e onde “dificilmente serão repostos antes do início do próximo ano letivo”.