Há 140 anos que o lema da Casa Amado é o mesmo: “estar ao serviço da Mendiga e não deixar que nada falte ao cliente”. Fundado por Joaquim Amado, o espaço comercial começou a funcionar como taberna e mercearia com um stock limitado.
Há 140 anos que o lema da Casa Amado é o mesmo: “estar ao serviço da Mendiga e não deixar que nada falte ao cliente”. Fundado por Joaquim Amado, o espaço comercial começou a funcionar como taberna e mercearia com um stock limitado.
Com o passar dos anos e conforme as necessidades dos fregueses, o negócio foi evoluindo. Aqui era possível encontrar um pouco de tudo, desde comida, roupa, calçado, tecidos, ferragens, vidros ou mobílias.
“Quando uma menina começava a namorar, a primeira coisa que vinha comprar era uma arca de madeira para ir colocando lá para dentro o enxoval que ia adquirindo até se casar”, conta ao REGIÃO DE CISTER José Neto, marido da neta do fundador, que agarrou o negócio da família em 1969.
Além da venda de bens e produtos, no estabelecimento também funcionavam diversos serviços. Na Casa Amado chegou mesmo a funcionar o Registo Civil até à Implantação da República. “O registo do nascimento era feito aqui, durante o percurso da vida compravam os bens que precisavam e quando alguém morria era também aqui que encomendavam a urna, trazendo a medida do falecido para nós fabricarmos o caixão”, recorda o atual proprietário, desvendando o mistério de muitas datas de nascimento estarem erradas.
“As pessoas vinham fazer o registo e o taberneiro apontava os dados num papel”, começa por relatar José Neto. “Entretanto, entre alguns copos, o papel ficava esquecido e quando o taberneiro se lembrava, já tinha passado o prazo para fazer o registo e registava a criança como se tivesse nascido alguns dias depois”, acrescenta entre risos.
Até 2014 e durante mais de um século, a Casa Amado também funcionou como estação de correios. Foi revendedora da Sacor, a primeira empresa petrolífera portuguesa antes do 25 de Abril, e ainda central telefónica e correspondente bancária.
Com o desenvolvimento dos serviços na aldeia da Mendiga ao longo dos anos, a Casa Amado deixou de prestar serviços e manteve apenas a comercialização de bens. Atualmente, além de artigos de primeira necessidade, é possível encontrar neste estabelecimento comercial eletrodomésticos, artigos de bricolagem, materiais de construção e utilidades. Além disso, também há utensílios antigos, que hoje em dia já não são produzidos. “Tenho uma paixão enorme por tudo o que é antigo e que está bem conservado”, revela José Neto.
Esta casa secular está nas mãos da quarta geração de uma família que foi impulsionadora da história e da economia da Mendiga. “Gostava muito que o negócio continuasse mas infelizmente não há empreendedores nestas zonas rurais”, lamenta José Neto, que até ter forças continuará a manter viva história da Casa Amado.