Domingo, Novembro 24, 2024
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Heróis da Luta contra a Covid-19: Margarida Pires, professora

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Aos 23 anos, com uma licenciatura em Biologia e com poucas perspetivas de futuro no ramo científico, Margarida Pires decidiu enveredar pela via educacional. Sem conhecer o desafio que a esperava, a alcobacense colocou mãos à obra, aprendeu algo em todos os locais onde lecionou e com todos aqueles (colegas de profissão ou alunos) com que se cruzou. Ao longo dos últimos meses, a paixão pela profissão foi imprescindível para ajudar a professora da Escola Básica Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, diretora de turma, coordenadora dos diretores de turma e membro do departamento de Apoio Tutorial Específico a enfrentar um ensino à distância tão pouco preparado para esta “nova” realidade.

Aos 23 anos, com uma licenciatura em Biologia e com poucas perspetivas de futuro no ramo científico, Margarida Pires decidiu enveredar pela via educacional. Sem conhecer o desafio que a esperava, a alcobacense colocou mãos à obra, aprendeu algo em todos os locais onde lecionou e com todos aqueles (colegas de profissão ou alunos) com que se cruzou. Ao longo dos últimos meses, a paixão pela profissão foi imprescindível para ajudar a professora da Escola Básica Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, diretora de turma, coordenadora dos diretores de turma e membro do departamento de Apoio Tutorial Específico a enfrentar um ensino à distância tão pouco preparado para esta “nova” realidade.

A perseverança é, na sua opinião, uma característica primária para esta profissão. “Há dias que saímos da sala de aula de alma cheia e outros dias com um amargo de boca. E no dia seguinte lá estamos de novo à procura desse ideal”, descreve, recordando a importância da dedicação no período de pandemia. “Conseguir num curto espaço de tempo preparar, planificar e pôr em marcha aquilo que, há meses, diríamos ser impossível foi o maior desafio da Educação durante os últimos meses”, confessa. O ensino por intermédio das plataformas digitais revelou também uma desigualdade, até então mais “disfarçada”, e que deve ser debatida. “Percebi que por trás de um ecrã havia realidades muito diferentes. Alguns alunos estavam sozinhos em casa porque os pais estavam a trabalhar, outros não tinham acesso à internet e outros tinham a sorte de poder ter um apoio mais próximo”, conta. 

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Faltam, no entanto, palavras para descrever um ano letivo repleto de incertezas. Apesar das adversidades, Margarida Pires opta por analisar este período como “um momento de aprendizagem, para alunos e educadores”. “Permitiu aos alunos adquirir muitos conhecimentos na utilização de ferramentas tecnológicas e a sua aplicação em contexto escolar, desenvolver a sua autonomia e a capacidade de gerir o trabalho”, analisa.

Ser professor é, nas palavras da docente “um desafio constante a vários níveis”. “No plano profissional o professor tem de exercer todas as funções: ensinar, mediar, orientar, ouvir, gerir… Além disso, enfrenta outros desafios como andar com a casa às costas, de escola em escola, à procura de estabilidade”, desabafa. Tudo seria mais simples se existisse um “modelo” para a profissão, mas Margarida Pires recorda que “os professores são antes de tudo pessoas, com defeitos e virtudes, com formas diferentes de lidar com as situações e com visões também diferentes”.

Se a pandemia trouxe algo de positivo foi a certeza que a Educação é responsabilidade de toda a comunidade. Mais do que uma tarefa exclusiva de pais e professores, é, segundo a professora, “responsabilidade também dos governos, municípios, juntas de freguesia, meios de comunicação social e todos os agentes sociais e económicos”. “Numa escola para todos é preciso apostar em percursos diferentes, valorizar uma multiplicidade de conhecimentos e reconhecer que, para além do currículo é preciso repensar o processo, dando espaço a uma escola mais humanizada e em que os alunos sejam os motores das suas aprendizagens”, atesta.

Assim, coloca-se a grande questão: qual a razão para os professores se recusarem a baixar os braços e continuarem a rumar contra a maré? A aposta no futuro das sociedades. “Quando conseguimos passar aos alunos o entusiasmo pelo que ensinamos, quando conseguimos despertar-lhes a curiosidade e a capacidade de observar e quando sentimos que, mesmo que seja só um bocadinho, estamos a contribuir para o seu desabrochar e tudo vale a pena”, remata. 

Ilustração: Natacha Costa Pereira

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