Aos 23 anos, com uma licenciatura em Biologia e com poucas perspetivas de futuro no ramo científico, Margarida Pires decidiu enveredar pela via educacional. Sem conhecer o desafio que a esperava, a alcobacense colocou mãos à obra, aprendeu algo em todos os locais onde lecionou e com todos aqueles (colegas de profissão ou alunos) com que se cruzou. Ao longo dos últimos meses, a paixão pela profissão foi imprescindível para ajudar a professora da Escola Básica Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, diretora de turma, coordenadora dos diretores de turma e membro do departamento de Apoio Tutorial Específico a enfrentar um ensino à distância tão pouco preparado para esta “nova” realidade.
Aos 23 anos, com uma licenciatura em Biologia e com poucas perspetivas de futuro no ramo científico, Margarida Pires decidiu enveredar pela via educacional. Sem conhecer o desafio que a esperava, a alcobacense colocou mãos à obra, aprendeu algo em todos os locais onde lecionou e com todos aqueles (colegas de profissão ou alunos) com que se cruzou. Ao longo dos últimos meses, a paixão pela profissão foi imprescindível para ajudar a professora da Escola Básica Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, diretora de turma, coordenadora dos diretores de turma e membro do departamento de Apoio Tutorial Específico a enfrentar um ensino à distância tão pouco preparado para esta “nova” realidade.
A perseverança é, na sua opinião, uma característica primária para esta profissão. “Há dias que saímos da sala de aula de alma cheia e outros dias com um amargo de boca. E no dia seguinte lá estamos de novo à procura desse ideal”, descreve, recordando a importância da dedicação no período de pandemia. “Conseguir num curto espaço de tempo preparar, planificar e pôr em marcha aquilo que, há meses, diríamos ser impossível foi o maior desafio da Educação durante os últimos meses”, confessa. O ensino por intermédio das plataformas digitais revelou também uma desigualdade, até então mais “disfarçada”, e que deve ser debatida. “Percebi que por trás de um ecrã havia realidades muito diferentes. Alguns alunos estavam sozinhos em casa porque os pais estavam a trabalhar, outros não tinham acesso à internet e outros tinham a sorte de poder ter um apoio mais próximo”, conta.
Faltam, no entanto, palavras para descrever um ano letivo repleto de incertezas. Apesar das adversidades, Margarida Pires opta por analisar este período como “um momento de aprendizagem, para alunos e educadores”. “Permitiu aos alunos adquirir muitos conhecimentos na utilização de ferramentas tecnológicas e a sua aplicação em contexto escolar, desenvolver a sua autonomia e a capacidade de gerir o trabalho”, analisa.
Ser professor é, nas palavras da docente “um desafio constante a vários níveis”. “No plano profissional o professor tem de exercer todas as funções: ensinar, mediar, orientar, ouvir, gerir… Além disso, enfrenta outros desafios como andar com a casa às costas, de escola em escola, à procura de estabilidade”, desabafa. Tudo seria mais simples se existisse um “modelo” para a profissão, mas Margarida Pires recorda que “os professores são antes de tudo pessoas, com defeitos e virtudes, com formas diferentes de lidar com as situações e com visões também diferentes”.
Se a pandemia trouxe algo de positivo foi a certeza que a Educação é responsabilidade de toda a comunidade. Mais do que uma tarefa exclusiva de pais e professores, é, segundo a professora, “responsabilidade também dos governos, municípios, juntas de freguesia, meios de comunicação social e todos os agentes sociais e económicos”. “Numa escola para todos é preciso apostar em percursos diferentes, valorizar uma multiplicidade de conhecimentos e reconhecer que, para além do currículo é preciso repensar o processo, dando espaço a uma escola mais humanizada e em que os alunos sejam os motores das suas aprendizagens”, atesta.
Assim, coloca-se a grande questão: qual a razão para os professores se recusarem a baixar os braços e continuarem a rumar contra a maré? A aposta no futuro das sociedades. “Quando conseguimos passar aos alunos o entusiasmo pelo que ensinamos, quando conseguimos despertar-lhes a curiosidade e a capacidade de observar e quando sentimos que, mesmo que seja só um bocadinho, estamos a contribuir para o seu desabrochar e tudo vale a pena”, remata.
Ilustração: Natacha Costa Pereira