Sábado, Julho 12, 2025
Sábado, Julho 12, 2025

Tasca Abegão serve copinho de vinho a valadenses há 78 anos

Data:

Partilhar artigo:

Ainda é possível fazer uma viagem no tempo em Valado dos Frades ao entrar na Tasca Abegão, localizado no cruzamento entre a Rua Couto Ferreira e a Rua do Poço. O estabelecimento ainda serve a bica, o copinho de vinho ou o “cheirinho” como sempre o fez desde que começou como tasca e mercearia há 78 anos.

Ainda é possível fazer uma viagem no tempo em Valado dos Frades ao entrar na Tasca Abegão, localizado no cruzamento entre a Rua Couto Ferreira e a Rua do Poço. O estabelecimento ainda serve a bica, o copinho de vinho ou o “cheirinho” como sempre o fez desde que começou como tasca e mercearia há 78 anos.

O espaço é gerido por António Abegão, valadense de gema que nasceu há 83 anos e que há pouco mais de 20 anos assumiu os destinos da taberna fundada pela família.

Região de Cister - Assine já!

“Durante mais de 40 anos trabalhei como motorista de autocarros de turismo, mas estava cansado e decidi dar continuidade ao negócio criado pelo meu pai”, conta o herdeiro do negócio, enquanto observa quem passa na rua, sentado num banco a partir da sua garagem.

Para tristeza de António Abegão, as portas da tasca, que fica em frente à sua casa, estão fechadas devido à pandemia. “Não me justifica abrir a taberna por meia dúzia de cafés”, lamenta o proprietário, recordando os tempos áureos em que tinha a casa cheia.

No estabelecimento, que sinaliza também o início da Rua do Poço, os primeiros cafés do dia eram servidos pelas 10 horas da manhã e os últimos…sabia-se lá. “Temos de saber tratar os clientes com carinho para que voltem no dia a seguir”, graceja António Abegão, que todos os dias, pela matina, vai comprar os produtos para abastecer a taberna.

Com lotação para dez lugares sentados, eram raros os dias, antes da pandemia, que não tivessem mais pessoas dentro da taberna ou à porta. “Há muitos clientes que ainda vêm aqui, alguns da minha geração, e outros que os pais lhes ensinaram o caminho”, brinca o gerente, que se distrai nas histórias de uma vida de trabalho.

Aos 83 anos, o gerente conta com o apoio da filha, Ana Paula Abegão, que “segura as pontas” quando tem de se ausentar para ir para o campo, mas garante ter ainda força para continuar a manter vivo a Tasca Abegão. “É preciso desenvolvimento, não podemos parar”, afirma o octogenário. “Sempre foi um homem muito trabalhador”, atirou a filha enquanto o ouvia com atenção. 

Durante as quase oito décadas que fazem deste estabelecimento uma verdadeira casa com história, a única remodelação foi feita quando António Abegão optou por encerrar o negócio de mercearia e passou apenas a servir cafés, uns copinhos de vinho e às vezes uns petiscos.

“Com o aparecimento dos grandes supermercados, não valia a pena ter uma mercearia para vender apenas um quilo de açúcar”, justificou, enquanto cumprimentava dois conhecidos que passavam à porta do café. “Estou a ser entrevistado para o jornal”, atirou, entre risos, enquanto acenava.

Para o futuro, António Abegão conta com o apoio dos filhos para continuar o legado de família.

Questionado se gostaria que a casa chegasse aos 100 anos, a resposta não podia ser mais clara: “aos 100, 200 ou mais”, respondeu, confiante de que um dos dois filhos vai continuar a escrever a história da taberna.

Até lá, fica aqui o registo de uma história que congelou no tempo e que preserva religiosamente as tradições e os hábitos de outros tempos da vila.

AD Footer

Artigos Relacionados

Rodas d’Aço entregam cerca de 700 quilos de comida a famílias carenciadas

A associação Rodas d’Aço Motor Clube recolheu 690 quilos (!) de excedentes alimentares durante os nove dias das...

Armazém das Artes expõe as telas que o mar “dá” a Dino Luz

As telas que o mar dá a Dino Luz vão estar em exposição na galeria do Armazém das...

André Luís vive sonho como fisioterapeuta do Athletic Bilbao

Festejou os títulos de campeão nacional enquanto fisioterapeuta do Sporting, nas temporadas 2020/2021 e 2023/2024, mas quis o...

Atletismo: Beatriz Castelhano correu para o ouro nacional

Se dúvidas houvesse, já poucas restarão: Beatriz Castelhano (Arneirense) sagrou-se campeã nacional de 100 metros, no escalão de...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!