A data de 1 de maio é um dia significativo para os Bombeiros de Alcobaça, pois marca o aniversário da fundação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça (AHBVA). Foi a 1 de maio de 1888 que um grupo de cidadãos de Alcobaça se uniu para criar esta instituição voluntária com o objetivo de combater incêndios e prestar assistência em situações de emergência na região e é a 1 de maio que os bombeiros saem para a rua para comemorar a data com a comunidade e festejarem mais um ano de trabalho e serviço à comunidade. Na próxima segunda-feira, volta a haver motivos para celebrar o 135.º aniversário de uma das instituições mais queridas dos alcobacenses.
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Como tem vindo a ser hábito, a data serve também para “desembrulhar” prendas. Este ano, a corporação vai receber dois novos veículos de serviço: um Veículo de Comando Tático (VCOT) e um autotanque. Necessidades que serão agora colmatadas com este investimento, permitindo uma ação mais eficaz dos elementos.
O programa dos 135 anos começa às 8 horas com a alvorada. Às 9 horas as bandeiras são hasteadas no quartel, seguindo-se a romagem ao cemitério de Alcobaça para a homenagem ao talhão de bombeiros e diretores. Um dos momentos altos será o desfile apeado com inicio na Rua Frei Fortunato até ao Mosteiro de Alcobaça, onde será feita a homenagem a Manuel Vieira Natividade. A receção às entidades convidadas será feita em frente ao Mosteiro pelas 11 horas. Meia hora depois, será feita a passagem ao quadro de honra e cumpridas as condecorações a bombeiros e a entidades. A cerimónia termina com o desfile apeado e motorizado com destino ao quartel, onde bombeiros, diretores e comunidades poderão conviver e brindar aos 135 anos de serviço à população de Alcobaça.
“As escolas deviam ter formação de bombeiros”
A cumprir um terceiro mandato à frente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça, Pedro Pombo faz um balanço dos últimos anos e antecipa o futuro.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Na festa dos 135 anos, o que é mais importante destacar?
PEDRO POMBO (PP) > O apoio que a população tem dado aos Bombeiros de Alcobaça tem sido muito importante. Temos recebido muito carinho e já não é só quando as pessoas precisam dos bombeiros. Como presidente desta associação, gostava de chegar aos 5 mil sócios até final do mandato, já passámos os 4 mil… Tínhamos cerca de 2 mil sócios quando chegámos, é uma luta que tem sido feita com o esforço de todos. A pandemia também veio alavancar esse aumento, as pessoas precisaram dos bombeiros e depois quiseram ajudar. Um euro por mês não é nada de especial… Gostava ainda de conseguir, até final do mandato, um veículo urbano para combate de incêndios urbano. É o que falta, era a cereja no topo do bolo. A casa hoje está toda feita, é só manter. Temos um comando completo e jovem. E quem vier que venha por amor à casa e pelo coletivo. Também tem sido importante o apoio das empresas e da família, que é a nossa estrutura.
RC > Fala de uma equipa jovem, aqui não há dificuldade em recrutar?
PP > Os mais novos começam por vir para a fanfarra, depois vem o irmão, o pai, a namorada e por aí fora… Vamos a ver e já cá está uma família inteira. Por isso é que na mesma casa é comum haver dois ou três bombeiros. Neste momento não há falta de bombeiros. Há uma equipa cada vez mais jovem, mas falta-nos o pilar da “casa dos 50”. Ainda sobre este assunto, as escolas deviam ter formação de bombeiros. Devia de haver uma área dedicada aos primeiros socorros e/ou como se trabalha com um extintor. O município tem de começar a trabalhar nessa área com as escolas e isso incentivava mais os jovens a virem para os bombeiros. Chegámos a ter uma aula por semana na Escola D. Pedro I, em Alcobaça, e depois isso perdeu-se. Esse pedido está em cima da mesa. O que acontece é que quem tem mais iniciativa para nos vir visitar são as creches, não há uma semana em que não venha cá alguém.
RC > Qual considera ter sido a grande “obra” dos últimos anos?
PP > Foi a mudança do quartel, das camaratas, dos balneários, até à central, os recursos… foi uma mudança muito grande. Mas, o parque de viaturas também foi muito importante. Dotar o corpo de bombeiros de recursos foi o mais importante, a obra fica, é um sonho de todos. Tudo o que está a acontecer nunca se pensou em fazer nada. Foi sendo possível, fomos à luta. É um grande orgulho que esta obra tenha sido feita no meu mandato, não é por estar lá o meu nome, é por ver o corpo ativo e feliz por ter um quartel com este estatuto. É um brilho para todos. O feedback é ótimo. Sinto-me mesmo feliz. O que parecia impossível tornou-se realidade. Tudo foi feito com muita luta e uma disciplina muito grande das contas e com a ajuda do pessoal. Também não esqueço que conseguimos manter a equipa toda durante a pandemia, sem a ajuda de ninguém. Conseguimos dar a volta. É de louvar a atitude de todos quando se pensava que a covid tinha entrada aqui. Não foi fácil. Fica para o resto da nossa história. A covid colocou-nos em sentido. E o que isso nos obrigou a fazer.