Foi em Alpedriz que a neozelandesa Felicity Fyr Le Fay encontrou a casa ideal para o projeto da sua vida: uma escola de artes de circo, um projeto que conheceu os primeiros passos há três meses, quando a artista comprou um imóvel centenário naquela localidade da União de Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes.
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Há dois anos que Felicity procurava uma casa, quando se deparou com o pequeno palacete, entretanto batizado de Circus Palace, que lhe encheu de imediato as medidas. “Adoro o estilo de construção português”, comenta a artista, que se enamorou pelas madeiras da moradia. “Nem acredito na sorte que tenho em poder comprar esta casa”, desabafa a neozelandesa, enquanto mostra, orgulhosa, o imóvel construído há 120 anos e do qual fez questão de conhecer a história, que começa com a união de Maria do Rosário, de Alpedriz, com José da Silva Santos, do Brasil, a quem se deve a exótica madeira de várias das mobílias originais que Felicity Fyr Le Fay teve a alegria de encontrar na casa.
A par da moradia, situada numa propriedade onde abunda o verde e que confina com o rio, Felicity conta que encontrou uma verdadeira comunidade em Alpedriz. Diz-se “apaixonada pela casa, pelas pessoas e pela terra”. Os maiores elogios vão para os vizinhos, que se desdobraram em ajudas ao projeto que a estrangeira “muito simpática” está a implementar na terra, como refere a vizinha do lado, Ana Paula Mateus, que não esconde que foi graças à neozelandesa que conheceu vizinhos que moram há anos a metros da sua casa. “A Paula tem cozinhado para os voluntários do projeto”, elogia Felicity, para quem “é incrível como tanta gente de Alpedriz se disponibilizou”. Em três meses, com o apoio dos vizinhos e o trabalho de vários voluntários de vários pontos do mundo, o número 4 da Rua Professor Joaquim Pedro passou de um imóvel desabitado há 60 anos para o colorido lar do Circus Palace, onde ainda faltam várias melhorias e transformações. A ideia é abrir o sótão para instalar o volumoso equipamento necessário para a performance e criar um pequeno anfiteatro com capacidade para 25 pessoas. “Sei que vai ser um longo caminho”, reconhece a empreendedora, que está a concretizar o seu sonho graças a uma herança, inesperada, de um amigo de longa data e entusiasta das artes circenses.
A neozelandesa abriu, desde a primeira hora, o projeto à comunidade, convidada para o primeiro espetáculo ali promovido, no passado dia 12, quando Felicity mostrou a sua versatilidade numa performance que incluiu uma dança do fogo, sedas aéreas e também uma curta-metragem que a artista produziu na Nova Zelândia. “Estamos a planear outro evento para a segunda metade de agosto, que contará com mais artistas”, anuncia a artista, que tem um vasto currículo de artes circenses na Europa, mas também no Norte de África.
A artista nasceu na Nova Zelândia, mas radicou-se no Reino Unido há vários anos. “Tinha a ideia de fazer uma casa do circo e queria que fosse na Europa. Vários amigos disseram-me para escolher Portugal”, conta a performer, que rumou a terras lusas no final de 2020. Desde esse momento que procurava o local ideal para as suas artes. Começou por viver em Tomar, foi até ao Algarve, conheceu a Madeira e Santa Maria da Feira, até que uma pesquisa na internet a levou à pacata localidade do concelho de Alcobaça, onde Felicity está certa de ter encontrado um lar para a vida.