A Blocotelha está prestes a terminar a participação no projeto de construção daquele que é considerado o maior reator nuclear experimental, conhecido como ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), em Saint-Paul-lès-Durance, no sul de França. A empresa sediada em Porto de Mós iniciou a última fase da obra, que deverá estar concluída até final deste ano.
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O projeto, que teve início em 2020 para a Blocotelha, foi adjudicado por um valor superior a 15 milhões de euros e tem previsto o fornecimento e montagem de mais de 2 mil toneladas de estruturas metálicas, 11 mil metros quadrados de coberturas e 17 mil metros quadrados de revestimentos.
O projeto prevê a construção do maior Tokamak do mundo, ou seja, um dispositivo de fusão magnética criado para provar a viabilidade da fusão como uma fonte de energia em grande escala e livre de carbono, com base no mesmo princípio que alimenta as estrelas e o sol. Enquanto parceira do consórcio europeu, a empresa de referência europeia em construções metálicas tem 20 profissionais alocados ao projeto com a responsabilidade de fornecimento e montagem das estruturas metálicas, revestimentos e coberturas de quatro edifícios (B71, B75, B34 e B37) e três pontes (Cryoline, Busbar M1 e Busbar M2).
Depois de praticamente concluída a montagem da estrutura metálica dos edifícios, e com mais de 70% dos revestimentos colocados, segundo a empresa adianta em comunicado enviado à comunicação social, serão iniciados os trabalhos de elevação da última ponte (Busbar M2) ao mesmo tempo que são finalizadas as restantes, já elevadas.
“A construção do ITER apresenta diversos desafios técnicos significativos, inerentes à complexidade do projeto e aos requisitos envolvidos na criação de uma instalação de fusão nuclear”, salienta a responsável de Qualidade e coordenadora de Soldadura da empresa, citada em comunicado. “A construção de uma instalação tão complexa requer planeamento detalhado, coordenação eficiente entre equipas multidisciplinares e resolução de problemas em tempo real”, acrescenta Sofia Filipe, para quem o ITER “é um projeto de grande escala, uma obra que se distingue pela grande exigência ao nível da qualidade e da segurança”.
Para o Chief Commercial Officer da Blocotelha, o projeto é “um grande desafio”. “Mas, ao mesmo tempo, é muito gratificante podermos contribuir e colaborar com peritos de todo o mundo, num projeto com impacto tão significativo no futuro da energia e no mundo”, considera Erico Ferraria.
Desenvolvido pela primeira vez no final dos anos 1950, o Tokamak foi adotado em todo o mundo como a configuração mais promissora do dispositivo de fusão magnética. O ITER será o maior tokamak do mundo, com o dobro do tamanho da maior máquina atualmente em operação, com um volume da câmara de plasma dez vezes maior. O projeto está a ser construído com a colaboração de 35 países, sendo a Europa responsável pela maior parcela dos custos de construção do ITER (45,6%), estando o restante dividido igualmente por China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos.