Se há coisa que me dá prazer, é chegar a casa e seguir um cheirinho bom até à cozinha e mais ainda se de lá me vier o inconfundível aroma das maçãs da minha terra.
É certo que Maçã de Alcobaça é uma designação que abrange muitas variedades deste fruto produzido na região. Ou seja, uma maçã de Alcobaça pode ser produzida em muitos dos concelhos limítrofes, segundo o regulamento legal. Também é certo que esta denominação se aplica a inúmeras variedades, a maioria delas com nomes de cores estrangeiras como pink ou golden qualquer coisa e red não sei o quê.
Que me perdoem os apreciadores destas belíssimas, elegantes e modernas variações, mas eu cá gosto mesmo é da fruta com ar de fruta ou fruta feia, como agora se soe dizer. Dentro destes antigos e imperfeitos espécimes, perco-me pela reineta, pelos peros pequeninos e pelas inconfundíveis Casa Nova.
No caso destas tenho de ir ao mercado a São Martinho ou a Alcobaça para as comprar, que nunca as vejo nas coloridas bancas de frutas dos supermercados. Mas nenhuma outra cheira tão bem e nenhum outro fruto me conduz tão depressa na direção da cozinha.
E nem vos conto o que acontece quando se tira do forno um tabuleiro inteiro daqueles peros verdes pequeninos que quase se transformam em caramelo!
Sim, meus amigos, os monges de Cister legaram-nos muitas coisas boas, ensinaram-nos a construir e a cultivar e a cozinhar muitas mais, mas talvez a mais saborosa de todas e seguramente a mais perfumada, seja aquela maçã branquinha por dentro e muito vermelha por fora, com matizes esverdeados num dos lados e por vezes manchada do sol, que dá pelo nome menos monástico e mais malandro de que me recordo: Casa Nova! Bendita Casa Nova.