Aos 32 anos, Jordan Santos deixou o Sp. Braga, pelo qual conquistou tudo o que havia para conquistar, e regressou a casa, mais concretamente ao Sótão, que vai representar volvidos 15 anos. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o nazareno, eleito melhor jogador do mundo em 2019, explicou o motivo do regresso, definiu as metas para o futuro a breve trecho – entre as quais títulos coletivos e até individuais – e antecipou o quinto Mundial da carreira, no qual vai ajudar Portugal a tentar reconquistar o título. A concretizar-se, será o terceiro cetro mundial da carreira do canhoto.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > O que motivou este regresso ao Sótão?
Jordan santos (JS) > Já há algum tempo havia conversações entre nós. Também devido um bocado ao que passei (lesões), não queria estar a vir para o Sótão numa fase em que não conseguisse ter rendimento. Sempre disse que quando viesse era para conseguir ainda almejar alguma coisa, ambicionar alguma coisa e ganhar títulos aqui. Entendo que chegou o momento. Também não vou esconder que o facto de Braga ser longe também fez com que a minha escolha fosse ficar por aqui. Estou muito feliz.
RC > Tinha proposta do Sp. Braga para renovar?
JS > Houve proposta de renovação. Andámos em negociações, mas a minha decisão era também familiar. E, no fundo, também cumprir a minha palavra. Disse que vinha para estar em condições de lutar por títulos. A proposta de renovação era de três anos e acho que, se esperasse mais três anos para voltar ao Sótão, com 36 anos e com as lesões que tive, já não iria conseguir acrescentar nada à equipa. Por isso, senti que era o momento certo para voltar ao Sótão.
RC > Direcionemos o foco para o futuro. O que ainda espera ganhar com as cores do Sótão?
JS > Quero ganhar todas as competições em que já vamos participar, ou seja, campeonato nacional, Taça de Portugal e Euro Winners. É por isso que também estou aqui. Para ajudar a empolgar um pouco a equipa e para mostrar que é possível conseguir conquistar estes troféus.
RC > Os últimos dois anos, mas sobretudo o último, foi quase lançar a semente…
JS > Este é um Sótão a querer sair um pouco um da sua zona de conforto. Antigamente, era uma equipa em que praticamente só poderia fazer parte quem fosse nazareno. Agora trabalha-se para reforçar o plantel com jogadores de outras valias, alicerçado com jogadores nazarenos, e com mais antecedência. E isso acaba por fazer toda a diferença porque a evolução é cada vez maior.
RC > Estão a reunir-se os ingredientes perfeitos para este Sótão destronar a hegemonia do Sp. Braga?
JS > Sim sim. Comparando, por exemplo, com a Casa do Benfica de Loures, que o conseguiu fazer nos últimos anos, acredito que este Sótão é mais forte e tem um plantel mais experiente. E, depois, tem também uma outra vantagem.
RC > Qual?
JS > Por exemplo a Euro Winners é na Nazaré. Se tens uma equipa forte, e se jogas em casa, a equipa torna-se ainda mais forte. Já causou dificuldades ao Sp. Braga no passado e acho que vai conseguir causar ainda mais.
RC > Entrando no campo da pura especulação: 60% de favoritismo para o Sp. Braga ser campeão e 40% para o Sótão?
JS > Sim. 60-40, 55-45… A diferença já não é assim tanta.
RC > E está preparado para esse reencontro? Afinal foi no Sp. Braga que atingiu o auge na modalidade…
JS > Vai ser sempre especial, da mesma maneira que era quando representava o Sp. Braga e jogava contra o Sótão, onde comecei a jogar e onde tinha amigos de sempre. Agora vou jogar contra uma equipa e jogadores que me permitiram ganhar tudo, e em que fiz grandes amizades, vai ser muito especial também.
RC > Depois dos Guerreiros da Areia, dizia que o Sótão era para onde queria voltar. Este é já um Jordan a pensar nos últimos anos de carreira?
JS > Essa é uma pergunta interessante. Sim. venho para o Sótão mesmo para me estabilizar e para finalizar a minha carreira no que a clubes portugueses diz respeito. Essa é a minha vontade.
RC > E lá fora?
JS > No estrangeiro, vou continuar com os meus projetos na China, ao serviço do Meizhou Hakka, e também em Itália, onde vou alinhar por um novo clube.
RC > Ainda acredita que podemos ver a melhor versão de Jordan a vir novamente à tona? Quiçá ser novamente eleito melhor jogador do mundo como em 2019…
JS > Depende muito porque o meu corpo já não é certo. Sinto que, quando não tenho mazelas, quando estou solto e não tenho dores, ainda me consigo destacar. Não é estar a ser vaidoso, mas sei que, se não tiver dores, consigo ser o melhor. E é isso que também me frustra. Porque sei que, se não tivesse estas dores (no joelho) e com a minha capacidade de trabalho, com o meu conhecimento do jogo e com a minha qualidade, consigo fazer a diferença. Se o meu corpo permitir estar ao nível que quero, acredito mesmo que ainda é possível ser novamente o melhor jogador do mundo.
RC > E nada melhor do que um Campeonato do Mundo para mostrar já essa melhor versão. Portugal tem de sonhar com o título?
JS > Como Portugal temos de dizer sempre que vamos para lá com a força toda para ganhar e para dar o nosso melhor. Sabemos das dificuldades, mas tudo faremos para conseguirmos ser campeões mundiais. Estamos inseridos num grupo muito forte, mas temos de nos enquadrar no lote de candidatos.