O domínio da arte de trabalhar o açúcar e as gemas de ovo é um aspeto que acompanha a Casa dos Doces Conventuais desde o primeiro dia. O projeto conta com um legado no que concerne à preservação daquelas receitas seculares e especial preocupação em adaptá-las às novas tendências do consumidor, sendo fiéis as características artesanais dos doces que os distinguem dos demais. Ao longo dos 30 anos de existência, o estabelecimento tem sido reconhecido com inúmeras distinções por todo o trabalho desenvolvido, num trajeto marcado pelo “amor à arte da doçaria conventual”.
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Há cerca de três décadas, Graça Salteiro e a cunhada aproveitaram o programa de apoio ao empreendedorismo e à criação do próprio emprego, promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, para iniciarem o projeto, tendo sido incentivadas por uma tia a criar algo diferenciado. “Chamou-nos e sugeriu-nos que nos inspirássemos na riqueza da doçaria portuguesa”, começa por explicara responsável do espaço. “Disse-nos que devíamos ir à história procurar aquilo que se fazia de bom nos conventos para que criássemos algo identitário e distinto”, conta Graça Salteiro.
O conselho da tia Maria Fernanda Salgueiro foi seguido à risca e motivou a procura de receitas e, consequentemente, do domínio das técnicas artesanais da doçaria conventual. “Fui ao encontro de senhoras que tinham elevado conhecimento sobre o modo de confeção dos doces para aprender a fazer aquelas fórmulas que, para mim, são mágicas”, recorda a empreendedora. “A dona Maria José fazia as melhores Lampreias de Alcobaça e na época do Natal vinha até ao estabelecimento ajudar-nos porque dizia na brincadeira que as nossas não tinham cara de lampreia”, relembra a empresária, como decorreu o processo inicial.
Durante cerca de 18 anos, o projeto teve a designação de “Casinha dos Montes” e localizava-se na Rua Virgínia Vitorino, chegando a vencer o prémio de melhor doce conventual, elegido pela votação do público, na Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais, com a Sopa Dourada. Há cerca de 12 anos, surgiu a oportunidade de abrir um espaço junto ao Mosteiro, na Rua D. Afonso Henriques, que permite maior visibilidade. Nesse momento, pela separação da sociedade, surge a Casa dos Doces Conventuais.
Ao longo de tantos anos na área, Graça Salteiro admite que o segredo é “não renunciar à mudança”, adaptando as receitas aos tempos atuais, sem perder o sabor e as características tradicionais que distinguem os doces. “Temos vindo a diminuir ao máximo os pontos de açúcar, de modo a seguir as tendências atuais da promoção de saúde”, explica a empresária natural dos Montes, acrescentando que o feedback do público tem sido muito positivo. Para os mais gulosos, continuam a existir receitas com mais açúcar como o tradicional Pudim de Frade.