Deu os primeiros chutos no Beneditense, em 1999, tendo representado os canarinhos até 2006, ano em que rumou aos juniores da U. Leiria, iniciando uma carreira que passaria apenas pelos campeonatos nacionais. Em 2016, foi contratado pelo Famalicão, chegando à 2.ª Liga e atingindo o ponto mais alto da carreira. Seguiram-se desafios pelo Marinhense e Caldas, ambos nos nacionais, até chegar ao momento de regressar a casa, 17 anos depois, para se estrear pela equipa sénior do Beneditense e competir, pela primeira vez na carreira, nos escalões distritais. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, André Perre, de 34 anos, abre o coração e explica a razão pela qual o adágio popular “bom filho a casa torna” faz tanto sentido.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > Quase duas décadas depois, volta ao Beneditense e vai estrear-se pela equipa sénior. A que se deve este regresso?
andré perre (AP) > É um momento feliz depois de 17 anos a construir aquilo que foi a minha carreira. É o clube da minha terra, fui formado no clube, lá fiz os meus melhores amigos, o meu pai tem história no clube… eram muitos fatores a ter em conta. Aliando a isso, o facto de quando era menino da formação sonhar muito em jogar na equipa principal e nunca o ter feito… Chegou a hora.
RC > Era um cenário que já estava planeado para que acontecesse agora?
AP > Não estava planeado porque passei quatro anos muito bons no Caldas, onde fui muito feliz e toda a gente esperava que continuasse. Chegou o momento de perceber o novo projeto do clube e tivemos opiniões diferentes. Foi o melhor para todos. Depois dessa decisão, e depois de pensar bem na minha vida pessoal, o ABCD foi logo a primeira opção. A mística do clube tem algo de especial. Quem passa cá, sente.
RC > Foi fácil aceitar o convite?
AP > Muito fácil. Senti por parte da estrutura do clube que me queriam muito. E era disso que precisava. Foi gasóleo na fogueira…
RC > Os diferentes níveis competitivos são, naturalmente, traduzidos também na vertente financeira. Mas, ainda assim, toma a decisão de regressar. Neste momento, o amor à camisola (e ao futebol) prevalece sobre aquilo que o futebol ainda lhe poderia dar em termos financeiros?
AP > O gostar muito do clube e sentir que estou bem para ajudar pesaram muito na decisão. As pessoas fizeram-me ver que podia ser muito útil. E ver tanta gente feliz com o meu regresso também me motivou bastante. Podemos fazer coisas bonitas.
RC > Tinha propostas para continuar a jogar na Liga 3 e Campeonato de Portugal (CP)?
AP > Foram públicos alguns clubes de Liga 3 e CP que quiseram contar comigo, mas era mesmo o momento certo de voltar a casa. Bastou ser sincero com todos eles para perceberem o meu momento.
RC > Regressa a casa como um dos cinco jogadores do concelho de Alcobaça que, neste século, chegaram mais longe no futebol (mais acima só o João Lucas e, atualmente, Miguel Rebelo). O que pode prometer aos adeptos beneditenses?
AP > Dedicação, compromisso e muito trabalho porque fui formado aqui com esse lema. Então julgo que isso nunca faltará. E continuar a passar a mística do Beneditense de geração em geração. É importante termos pessoas de volta ao clube e em volta do clube. Todos somos úteis.
RC > E o que é que este Perre pode acrescentar à equipa de Leandro Santos?
AP > Ainda não pensei muito nisso porque ainda estou a desfrutar de ter regressado a casa e de todas as boas sensações. Mas além da minha experiência, considero que posso acrescentar sempre algo, pois sou um jogador muito versátil. E sempre mais um para ajudar.
RC > O que espera encontrar no grupo de trabalho e na Divisão de Honra? São dois patamares abaixo daquele em que competia…
AP > Informei-me bem do que é o Beneditense atualmente, além de acompanhar regularmente sempre que podia. Sei que há muita qualidade na equipa. Tanto futebolisticamente como pessoalmente. Tanto os mais velhos, como os mais novos, que sentem muito o clube. E isso é importante. Um balneário forte e unido tem sido o ADN do clube nos últimos anos.
RC > – É inevitável olhar ao fator idade. Este regresso a casa é também já a pensar naquele que poderá ser o clube da despedida daqui por alguns anos?
AP > As coisas estão-se a proporcionar nesse sentido, mas não penso já no final da carreira. Enquanto me sentir útil, bem física e mentalmente penso que posso sempre acrescentar qualquer coisa. Quem sabe, um dia chegar aos 500 jogos como sénior…