O Município de Porto de Mós assinou um protocolo, na passada segunda-feira, com a Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós e a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) com o objetivo de colmatar a falta de médicos de família no concelho e assegurar, deste modo, o acesso aos cuidados primários de saúde, através da comparticipação de consultas a utentes. Já em vigor noutros concelhos, o programa “Bata Branca” assenta na contratação de médicos, em regime de prestação de serviços, com custos repartidos entre o município e a ULS Região de Leiria.
Este conteúdo é apenas para assinantes
“O acordo é para dois horários completos (dois médicos) de 35 horas por semana para cada caso (70 horas semanais). Vai intervir no polo de Serro Ventoso para ir também à Mendiga e faço questão de frisar isto porque faz parte do processo de aprovação da Unidade de Saúde Familiar (USF) a abertura do polo de Arrimal e Mendiga”, explicou o presidente da Câmara de Porto de Mós, em declarações aos jornalistas.
Jorge Vala esclareceu ainda que a médica destacada irá duas vezes por semana à Mendiga com uma equipa e que o outro médico previsto será destacado para o polo de Mira de Aire (que pertence à USF Aire e Candeeiros). “Mira de Aire está numa situação muito complicada e devo dizer que, se isto se mantiver e conseguirmos arranjar um segundo médico para esta freguesia no ‘Bata Branca’, estamos disponíveis para fazer uma adenda a este protocolo no sentido de melhorar a resposta em Mira de Aire”, acrescentou o autarca.
Apesar do protocolo, que tem um prazo estipulado até ao dia 31 de dezembro de 2025, o concelho ainda carece de mais médicos de família. “Neste momento aquilo que está a acontecer é uma ausência de cinco mais dois, porque temos duas médicas de licença de maternidade. Em condições normais esta ausência não se notaria”, frisou Jorge Vala que já tinha referido, no discurso da assinatura do protocolo, que a saúde do concelho decorre “a duas velocidades”. Por um lado, “a USF Novos Horizontes, que durante largos meses tem tido a falha de um médico, mas a equipa tem conseguido dar resposta para que o ficheiro da Calvaria de Cima não fique totalmente a descoberto”. Por outro, na USF Aire e Candeeiros tem existido “uma ausência absoluta de médicos que piorou nos últimos tempos”.
A saída da médica da extensão de saúde de Serro Ventoso e a reforma de um médico a tempo inteiro que, enquanto reformado passou a fazer só meio tempo, agravou a situação naquela USF.
O protocolo “Bata Branca” surge, então, como uma opção de recurso para mitigar a grave situação, justificando um investimento das três unidades em questão. “O Município comparticipa com 17 euros por hora e a ULSRL paga 26, o que dá 43 euros. 40 são para os profissionais de saúde e três são para a Misericórdia de Porto de Mós, que faz a gestão e a contratação dos médicos”, detalhou o autarca, vincando a preocupação de garantir os cuidados de saúde necessários aos munícipes.