Em pleno mês de agosto, quando as praias da região estão ao rubro, um episódio na Praia de Paredes da Vitória voltou a expor fragilidades antigas: o estacionamento caótico que dificulta o acesso a veículos de socorro. Uma criança de 10 anos, em estado grave após sofrer uma lesão no pescoço, ficou a aguardar ansiosamente ajuda, enquanto a ambulância e os bombeiros de Pataias se viam impedidos de chegar rapidamente à vítima.
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“Não foi fácil chegar à praia”, confirma o comandante da corporação, Leandro Bernardino. O relato ilustra bem os obstáculos com que as equipas de emergência se deparam no auge da época balnear. Apesar da rapidez na mobilização, o socorro foi atrasado pelos carros mal estacionados que bloqueavam a entrada e a circulação dos veículos de emergência.
O caso não é isolado. De acordo com o comandante, situações semelhantes já ocorreram noutras praias da freguesia, como a Polvoeira e a Pedra do Ouro, e mais a sul, na Praia da Légua. Todas partilham o mesmo problema: a ausência de acessos desimpedidos para viaturas de socorro em dias de grande afluência.
“Sempre que existe uma ocorrência nessas praias os acessos para os veículos de socorro são muito difíceis pela questão do estacionamento indevido”, reforça Leandro Bernardino, lembrando que o problema já foi comunicado “informalmente” à Junta de Freguesia de Pataias e Martingança, assim como ao coordenador municipal da Proteção Civil.
A preocupação do comandante cresce à medida que os anos passam sem soluções estruturais. Num dos casos mais graves, na Praia da Légua, a ambulância não conseguiu inverter a marcha devido ao à desorganização no estacionamento. “O veículo que ia dar apoio não conseguiu descer, teve que ficar cá em cima e os operacionais fazerem o percurso a pé, o que fez aumentar o tempo de socorro”, recorda.
Além do atraso no atendimento de vítimas, a situação levanta sérias dúvidas sobre a capacidade de resposta a emergências de maior escala. “Era importante as autoridades competentes repensarem a questão dos estacionamentos”, defende o comandante. Uma das propostas passa pela criação de um acesso exclusivo para viaturas de socorro e pesados, sobretudo em Paredes da Vitória, zona que além da praia inclui habitações e restaurantes muito próximos.
O alerta é claro: em caso de incêndio urbano ou ocorrência grave junto ao areal, “o socorro está seriamente comprometido”. Enquanto não surgirem medidas efetivas, os bombeiros receiam que novos episódios de atraso no socorro voltem a repetir-se, com riscos acrescidos para quem procura a tranquilidade das praias do concelho.
Em declarações ao REGIÃO DE CISTER, o comandante do Destacamento Territorial de Caldas da Rainha confirma várias situações nas praias da União de Freguesias de Pataias e Martingança, bem como da freguesia de São Martinho do Porto, referindo que acontece todos os anos quando a afluência às praias aumenta. Quando a GNR é acionada, “a patrulha é chamada ao local”, relata o capitão João Marçal, que ressalva não haver registo de qualquer ocorrência que tenha resultado em “prejuízos para a vida humana”.
Apesar das tentativas, não foi possível ouvir a Junta ou a Câmara sobre o assunto.