Há 18 anos que o maestro Adelino Mota conduz o Festival de Jazz de Valado dos Frades, que tem o apoio da Direcção Geral das Artes. O evento, que teve início esta semana, continua a levar ao palco da BIR músicos que não têm a oportunidade de atuar em outros eventos por ainda não serem conhecidos no meio artístico.
Há 18 anos que o maestro Adelino Mota conduz o Festival de Jazz de Valado dos Frades, que tem o apoio da Direcção Geral das Artes. O evento, que teve início esta semana, continua a levar ao palco da BIR músicos que não têm a oportunidade de atuar em outros eventos por ainda não serem conhecidos no meio artístico.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Há 18 anos que se escreve a história do Festival de Jazz de Valado dos Frades. Que significado tem este evento para a região?
Adelino Mota (AM) > Qualquer iniciativa similar a um festival como o nosso é sempre uma mais-valia para uma terra e por consequência para toda uma região. A maturidade e notoriedade que se tem alcançado com este evento tornou-o a pouco e pouco o mais importante evento dedicado ao jazz da região centro do País. Basta salientar que é o único Festival de Jazz desta mesma região, que continua a ter apoio da Direcção Geral das Artes. Apoio esse conseguido para um quadriénio que só acabará em 2016, tendo sido o seu projeto artístico distinguido entre dezenas que foram rejeitados. Penso que é uma razão suficiente para que a nossa região se orgulhe de ter este Festival. Além disso, continuamos a ter como grande aliado a Câmara da Nazaré, que reconhecendo a qualidade e importância de um evento destes no concelho, empenha-se em colaborar e apoiar esta organização.
RC > E para os músicos que sobem ao palco da BIR, ao longo das quase últimas duas décadas?
AM > Há vários anos que possuímos um chamado ‘Livro de honra’, no qual os músicos escrevem no fim de cada concerto. Ali encontram-se depoimentos que nos dão coragem e energia para continuar com esta organização. A maioria dos músicos descreve que vir ao Valado é muito mais do que vir fazer um concerto, é vir tocar “ao melhor e maior clube de jazz português” pelo ambiente que se tem criado ao longo destes anos.
RC > O que podem esperar os fãs do Jazz de Valado desta 18.ª edição?
AM > A programação deste ano tem como base tudo o que se defende e se tem alcançado com os objetivos artísticos. Este ano não haverá presença de músicos estrangeiros, o que não faz em nada diminuir a qualidade musical esperada, pois dentro dos participantes há grandes músicos nacionais com carreira e premiados internacionalmente. Sabemos o valor que têm os nossos músicos e este é o Festival que mais o reconhece. Muitos destes brilhantes artistas que estão nesta programação não têm a possibilidade de participar em outros festivais por serem preteridos em função de nomes mais famosos e com mais impacto mediático. Mas em Valado dos Frades o que mais nos preocupa é a criação artística e a valorização dos músicos portugueses.
RC > Nos últimos anos, face às dificuldades e à falta de apoios, a programação e o número de dias do Festival foram reduzidos. É possível fazer mais com menos?
AM > Excetuando o ano de 2012, todos os últimos anos temos tido o mesmo número de concertos. Pelo compromisso com a Direcção Geral das Artes, temos de fazer seis concertos profissionais e duas atividades de caráter pedagógico. Este ano, como não podia deixar de ser, mantém-se esse mesmo objetivo. Apenas essas atividades, que eram feitas geralmente ao domingo, à tarde, com concertos de entrada livre, são este anos concretizadas com o projeto de levar antes esses concertos aos estabelecimentos de ensino, assumindo a responsabilidade de continuar a envolver a população com o Festival, começando aqui pelos mais jovens que farão parte do nosso público daqui a alguns anos.
RC > Que sonho mantém para o Festival de Jazz de Valado?
AM > Assegurar a sua continuidade e ano após ano “colocar o nome do Valado no mapa”. Muitas pessoas comentam comigo que em conversa com pessoas de outras regiões, ao dizerem que são de Valado dos Frades, é muito comum aparecer logo na conversa uma referência ao Festival, ou seja, Valado e jazz já são quase “sinónimos” e esse é o grande feito alcançado. Para o próximo ano, ainda temos apoio garantido ao abrigo do programa quadrienal da Direcção Geral das Artes, depois teremos de fazer nova candidatura e esperar que a política de apoio às artes melhore ou no mínimo se mantenha. O sonho dos 14 voluntários que fazem parte da organização deste evento é muito simples: que o Festival se mantenha por muitos mais anos!