Segunda-feira, Novembro 25, 2024
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Praticar desporto para ganhar autonomia na vida

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O desporto é uma componente essencial para uma mente e corpo sãos. Mas, para Patrícia Traquina, João Pedro e Cândido Delgado é muito mais do que isso. É que estes três atletas do concelho de Alcobaça viram no andebol adaptado uma forma de ganhar a autonomia que não tinham.

O desporto é uma componente essencial para uma mente e corpo sãos. Mas, para Patrícia Traquina, João Pedro e Cândido Delgado é muito mais do que isso. É que estes três atletas do concelho de Alcobaça viram no andebol adaptado uma forma de ganhar a autonomia que não tinham.

A final da Taça de Portugal de andebol adaptado, que decorreu no passado sábado em Alcobaça tinha, de um lado, a delegação do Porto da Associação Portuguesa de Deficientes, e do outro a delegação de Leiria.

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Foi ao serviço desta última que os três atletas do concelho demonstraram o seu valor, ainda que não suficiente para conquistar o troféu numa final muito renhida. Tão renhida que quem assistiu podia, por momentos, esquecer-se que se tratava de uma competição adaptada a pessoas com deficiências motoras. Houve competitividade, intensidade e… muito fair-play.

São estas características que permitem aos atletas adquirir novas valências para a vida. “O desporto dá autonomia e motivação”, garante Patrícia Traquina, alcobacense que ficou paraplégica após um atropelamento aos 4 anos de idade. Aos 36, a assistente operacional do Centro Escolar de Alcobaça tem uma vida “perfeitamente autónoma” depois de “três ou quatro anos” de andebol adaptado e de “17 de basquetebol”.

A adaptação à cadeira de rodas em contexto desportivo não é fácil, especialmente ao nível da “coordenação”. Que o diga Cândido Delgado, natural de Aljubarrota, que nos primeiros tempos viu-se “aos papéis para conseguir driblar a bola e conduzir a cadeira”. Para este atleta, a prática do andebol adaptado dá-lhe “resistência física, motivação e autoestima”. Depois do acidente de mota que o deixou preso a uma cadeira de rodas aos 23 anos, Cândido Delgado precisou de algo que lhe desse “adrenalina na vida”. A escolha recaiu sobre o desporto e só se arrepende de não ter “começado mais cedo”.

Do grupo de atletas da região na equipa da delegação de Leiria da Associação Portuguesa de Deficientes, só João Pedro nasceu com uma deficiência que lhe “rouba” os movimentos das pernas. Mas nem a espinha bífida o impede de ser “autónomo” e deve-o ao andebol. Aos 16 anos, o jovem natural de Ataíja de Cima estuda na Escola Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, e leva uma “vida normal”.

Os atletas da região têm objetivos muito distintos no que toca ao andebol. Curiosamente é o mais novo do trio que sonha mais alto. João Pedro pretende emigrar no futuro para se poder dedicar a tempo inteiro ao andebol. “Talvez para Espanha ou Brasil porque em Portugal não há apoios suficientes” para a prática da modalidade, confessa o jovem. Por sua vez, Patrícia Traquina ambiciona voltar a ser convocada para a seleção nacional de andebol adaptado e competir no campeonato da Europa a realizar ainda durante este ano.

O que todos têm em comum é a consideração de que o concelho não está preparado para uma pessoa de cadeira de rodas se movimentar livremente. João Pedro lamenta ao REGIÃO DE CISTER que a única forma que tem de se movimentar em Alcobaça é “com a ajuda de amigos”, que o acompanham durante grande parte do dia.

Apesar de concordar que o concelho não é inclusivo para pessoas com deficiências motoras, Cândido Delgado tem uma experiência diferente. Após o acidente que o deixou paraplégico, a sua entidade patronal adaptou o local de trabalho para que pudesse continuar a desenvolver as funções de comercial numa empresa de extração e comercialização de pedra. Ainda assim, como em “Aljubarrota todos os passeios são feitos de paralelos”, a cadeira de Cândido tem pneus todo o terreno. Para tentar melhorar a acessibilidade da cidade, o Cister SA tem vindo a desenvolver várias iniciativas para, com a prática do andebol, tornar Alcobaça um lugar mais acessível para todos.

Além de trabalhar com utentes do Centro de Educação Especial, Reabilitação e integração de Alcobaça (Ceeria), os técnicos do emblema alcobacense têm aberto as portas à prática de várias vertentes de andebol adaptado. De facto, nas palavras de Patrícia Martins, o Cister SA “é muito forte na inclusão”. Cândido Delgado corrobora da opinião, acrescentando, aliás, que Portugal é “pioneiro no desporto adaptado” e é dos primeiros países da Europa a ter um campeonato nacional desta modalidade.

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