Rui Serrenho lida com a cerâmica de Alcobaça há décadas, mas agora pretende contribuir para a preservação da memória deste setor tão importante para a região.
Rui Serrenho lida com a cerâmica de Alcobaça há décadas, mas agora pretende contribuir para a preservação da memória deste setor tão importante para a região.
Para isso, o alcobacense montou a exposição “Actualizadores da Memória”, na Casa São Bernardo de Alcobaça, precisamente com o objetivo de conservar o legado da cerâmica.
O nome da exposição não podia ser mais “simbólico”. Ao mesmo tempo, a mostra pretende “relembrar certos aspetos da cerâmica” para quem já conhece e “dar conhecimento” a quem não está ligado ao setor, explica Rui Serrenho.
A exposição é composta por mais de 400 peças, de cerca de 80 artistas, do espólio pessoal deste alcobacense. As peças “têm um valor incalculável”, que Rui Serrenho não está interessado em avaliar. Em vez disso, o colecionador garante que a mostra “tem ainda mais valor material e imaterial” sobre o setor da cerâmica em Alcobaça.
Uma grande parte das peças datam da década de 1940 e é um “ótimo olhar” sobre o trabalho que era desenvolvido na época na região. Olaria Tradicional de Alcobaça, Vestal, Elias & Paiva e Raul da Bernarda são apenas algumas das fabricas que produziram, há décadas, peças que agora estão em exposição na casa de alojamento turístico, até ao próximo domingo. A mostra conta com as “assinaturas” de alguns dos “mestres dos mestres” como João Santos, Ferreira da Silva, António Rosa Domingues, Luís Salvador ou José dos Reis.
O colecionador revela que a “exposição superou as expectativas” em termos de afluência de visitantes mas, sobretudo, porque cada pintor, colecionador, ceramista ou empresário que visitou a mostra motivou um “diálogo aberto e um estudo sobre o passado da cerâmica em Alcobaça”.
Aos 59 anos, e a comemorar uma década à frente da Casa São Bernardo de Alcobaça, Rui Serrenho não desiste da ideia de criar naquele espaço um alojamento turístico temático e especializado. “Em cada quarto podia ter, por exemplo, um tema alusivo à cerâmica e seria decorado com peças desse tema”, explica o alcobacense, acrescentando que a Casa São Bernardo “foi pioneira” no setor do alojamento turístico. “Temos a licença número 120 e hoje há mais de 40 mil”, argumenta o alcobacense.
Ainda que não tenha sido essa a intenção, Rui Serrenho acabou por criar um museu de cerâmica tradicional de Alcobaça. O colecionador teve o longo trabalho de “catalogar e identificar” as peças. Algumas delas “precisam de estudo aprofundado” para identificar o autor. No entanto, todas as peças representam um valor histórico incomensurável.