A “Loja dos Rapazes”, ou ainda popularmente conhecida como “Alberto Coradinho”, é tudo o que resta de uma antiga igreja: a Igreja de Santo António, em Alcobaça. É, pelo menos, o que reza a história. O facto é que a casa de tecidos a metro e vestuário, nas mãos de José Santos e António Nazário desde 2008, é um hino à história e às tradições da cidade.
A “Loja dos Rapazes”, ou ainda popularmente conhecida como “Alberto Coradinho”, é tudo o que resta de uma antiga igreja: a Igreja de Santo António, em Alcobaça. É, pelo menos, o que reza a história. O facto é que a casa de tecidos a metro e vestuário, nas mãos de José Santos e António Nazário desde 2008, é um hino à história e às tradições da cidade.
O rés-do-chão do prédio, que faz esquina com a Rua 16 de Outubro e a “Rua das Lojas”, nome pela qual é conhecida a Rua Alexandre Herculano, mantém-se intacto há décadas. Acredita-se que as lajes que ainda ali restam confirmam a tese do passado religioso daquele lugar, que à época se localizava na chamada “Rua de Santo António”, designação dada precisamente por ali ter existido a Igreja de Santo António. Depois da demolição da igreja, em 1911, funcionou naquele espaço a Casa Bancária de António Couto da Silva, seguindo-se a gestão do genro, José Martins de Sousa, e, mais tarde, deste com Alberto Domingues Trindade, pai do último proprietário, de quem José Santos e António Nazário herdaram o negócio.
João Alberto Trindade, vulgo “Alberto Coradinho”, ainda é recordado pelos “dois rapazes” que os clientes encontram atrás do balcão. “Quando o Sr. Alberto faleceu e a loja fechou por uns meses, vimos no espaço uma oportunidade para termos um negócio por conta própria”, adianta António Nazário, que era funcionário da Model, tal como o seu sócio, que funcionava ali mesmo ao lado. “Reabrimos a loja a 17 de maio de 2008, com a condição, da parte da família do sr. Alberto, de não mudar a traça do espaço“, nota José Santos.
A chita de Alcobaça já era uma imagem de marca do espaço e assim se mantém até aos dias de hoje. “Nos tecidos, a chita continua a ser a mais vendida”, confirma António Nazário, explicando a diferença entre o tecido original e as imitações. Não trabalham com as agulhas, nem com as máquinas de costura, mas sabem como ninguém aconselhar o cliente na hora de escolher o tecido. “Depende sempre da funcionalidade, da ocasião, da qualidade e da carteira”, nota José Santos, lamentando o pouco movimento na loja nos últimos tempos.
Em vésperas de Carnaval, o negócio até “mexe” qualquer coisa, mas nada comparado com o antigamente. “Não chegámos a ter empregados, mas houve alturas em que teríamos precisado”, confirma um dos sócios da “Nazário e Santos”. Além dos tecidos, vendem-se calças, camisas, malhas e casacos de homem e senhora, bem como têxteis, como colchas e toalhas de mesas. Aos 64 e 60 anos, os amigos não escondem o peso da responsabilidade em abrir diariamente (exceto ao domingo) uma loja quase centenária, contando que, muitas vezes, “entram na loja só para tirar fotografias porque não viram nada do género”. É , também por isso, uma casa com história… de bons rapazes.