Quarta-feira, Dezembro 6, 2023
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Quem por estes dias visitar o canil municipal de Alcobaça e cruzar caminhos com a simpática Violeta estará longe de saber que esta cadela foi notícia há poucas semanas devido à situação de maus-tratos da qual foi retirada, na freguesia da Benedita. 

Quem por estes dias visitar o canil municipal de Alcobaça e cruzar caminhos com a simpática Violeta estará longe de saber que esta cadela foi notícia há poucas semanas devido à situação de maus-tratos da qual foi retirada, na freguesia da Benedita. 

Mas o negro passado não impede esta jovem cadela de estar sempre “bem-disposta” e de rabo a abanar. Tal como a Violeta, existem outras centenas de cães e gatos em situações de negligência ou maus-tratos e que enchem os canis dos municípios de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós. A comunidade é a última esperança destes animais para um futuro melhor. 

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O Centro de Recolha Oficial de Animais (CRO) de Alcobaça tem uma capacidade autorizada para 25 animais, mas serve de “casa” para 47. “A realidade é só uma: a sociedade não está preparada para o problema da sobrelotação dos canis”, começa por esclarecer Cristina António, médica veterinária municipal há 16 anos. Contudo, esta é uma verdade com a qual o CRO de Alcobaça já convive há algum tempo, uma vez que se encontra lotado desde abril de 2017, data de abertura. “O CRO é um alojamento temporário, mas no panorama atual este é um espaço permanente, porque as adoções não conseguem dar resposta ao número  de abandonos, que infelizmente são diários”, lamenta. 

O espaço é a maior carência do canil, mas segundo Cristina António, a solução não está na ampliação, o que poderá ”resultar num maior número de abandonos”. “Todos os dias recebemos pedidos de recolha de municípes, Juntas e até de turistas.  Atualmente os problemas matrimoniais, o ladrar do cachorro e até mudanças de habitação são razões para abandonar os animais”, desabafa. O CRO de Alcobaça tem uma lista de mais de 100 pedidos de recolha, que aumentam diariamente. 

Esta é uma realidade também bem conhecida do canil municipal da Nazaré, que atualmente tem à sua responsabilidade 90 canídeos e 10 felídeos. Ozzi, é um dos “hóspedes” mais antigo do canil e aguarda, pacientemente, há quatro anos por uma “oportunidade de ouro”. De acordo com Carlos Jerónimo, médico veterinário da Câmara da Nazaré, diariamente há um “alerta” para animais vítimas de abandono, situações de negligência, perdidos ou feridos e os seis voluntários não têm mãos a medir. E, para piorar a situação, o número de voluntários para este tipo “de missão” têm vindo a diminuir, mas ainda existem alguns resilientes dispostos a pôr mãos à obra. “A colaboração com o Grupo de Amigos dos Peludinhos de Alcobaça é uma grande mais-valia nesta nossa missão. Quando estamos em estado de ruptura, acolhem alguns dos nossos animais, mas é preciso sublinhar que também eles estão lotados”, enaltece Cristina António. Na Nazaré, a GRUVA é um parceiro indispensável “na divulgação, tratamento de animais e assegurando as funções do canil nos feriados e fins de semana”. 

A comunidade é, assim, apontada como a única solução para este problema, que se torna insustentável. “O Município é muito eficaz na promoção da adoção, mas falta a ação da sociedade, que atualmente está muito aquém do esperado”, alerta a veterinária alcobacense. Embora o ano de 2019 tenha registado um ligeiro aumento de adoções face ao ano anterior, Cristina António afirma que ainda “há muito comentário e vontades que não passam das redes sociais. “As pessoas reagem às partilhas, dizem que são fofinhos e tudo mais, mas não tomam uma ação”. 

Foi, portanto, com o intuito de colmatar esta falha que os executivos tomaram medidas mais “assertivas”. Em Alcobaça, o plano de ação traçado passa pelo “Open Day”, data em que o canil está aberto a visitas da comunidade, e através da divulgação dos animais para adoção no site do município. “Realizamos com frequência campanhas de adoção em eventos na cidade, o dia de adoção, todas as segundas-feiras, e ações educativas nas escolas”, informa a médica alcobacense. Por sua vez, o executivo do concelho de Porto de Mós está neste momento a finalizar a construção de um CRO que visa, para além da recolha de animais, iniciar ações de sensibilização junto da comunidade. “A solução deste problema está nas pessoas e numa zona rural como Porto de Mós é de máxima pertinência trabalhar junto da comunidade para alertar para medidas urgentes como a esterilização, vacinação e a responsabilização sobre animais de companhia”, alerta o vereador Eduardo Amaral. “Penalizar através da lei não vai erradicar nada, vamos apostar na educação, no apoio em casos de carência monetária e criar medidas para dar uma vida digna aos animais porque não queremos que o CRO seja um depósito”, acrescenta. 

Esta é uma problemática que não será resolvida nos próximos anos, mas que requer a ação da comunidade. Na inviabilidade da adoção, o voluntariado e o alerta para comportamentos negligentes podem fazer toda a diferença. 

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