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Covid-19: Como são contabilizados os números? Ninguém se entende

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Afinal, quantos casos positivos e mortes somam os concelhos de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós? Essa é a pergunta do milhão de euros, precisamente porque ninguém se entende. Os números da Direção Geral de Saúde não batem certo com os da Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, que, por sua vez, muitas vezes não correspondem aos que os municípios confirmam e que a comunidade intermunicipal do Oeste divulga diariamente. Senão vejamos.

Afinal, quantos casos positivos e mortes somam os concelhos de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós? Essa é a pergunta do milhão de euros, precisamente porque ninguém se entende. Os números da Direção Geral de Saúde não batem certo com os da Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, que, por sua vez, muitas vezes não correspondem aos que os municípios confirmam e que a comunidade intermunicipal do Oeste divulga diariamente. Senão vejamos.

No último relatório da Direção-Geral de Saúde, atualizado às 11 horas deste sábado, são registados 25 casos positivos no concelho de Alcobaça e seis no concelho de Porto de Mós. Nazaré não consta na lista da caracterização demográfica dos casos confirmados.

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Já o último relatório da Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, recebido no email do REGIÃO DE CISTER este sábado à meia noite e 11 minutos, com informação validada às 0 horas e cinco minutos do mesmo dia, dá conta de 31 casos confirmados no concelho de Alcobaça e zero óbitos (sem dados de pessoas em vigilância); dez casos confirmados e 20 pessoas em vigilância no concelho de Porto de Mós, não constando dados de óbitos. No concelho da Nazaré não constam os números de casos confirmados, sendo a ausência justificada por “razões de confidencialidade e proteção de dados”, uma vez “a DGS não disponibiliza informação desagregada quando o número de infetados no Concelho é inferior a três”. O mesmo motivo é indicado no número de óbitos de Porto de Mós.

Por sua vez, no último balanço da situação epidemiológica, partilhado às 23 horas desta sexta-feira, na página de Facebook da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim), que agrega os concelhos de Alcobaça e Nazaré, havia 25 casos ativos, cinco recuperações e um óbito no concelho de Alcobaça e no concelho da Nazaré, sem registo de casos ativos, havia a registar dois óbitos. 

A Câmara de Porto de Mós, através do presidente, tem divulgado, diariamente, um vídeo com o ponto de situação. No último vídeo, Jorge Vala confirmava dez casos positivos, duas recuperações e um óbito. 

A Câmara de Alcobaça, através da página de Facebook do presidente, tem vindo ocasionalmente a dar conta do ponto de situação do concelho. Na última publicação, partilhada esta sexta-feira, Paulo Inácio confirmava os 31 casos confirmados, entre os quais cinco recuperações e um falecimento “no qual ainda não está comprovada uma relação direta com o novo coronavírus”.

Na Nazaré, diariamente, antes das 13 horas, a Câmara divulga na sua página de Facebook os resultados do briefing diário de acompanhamento à pandemia, entre a Autoridade de Saúde da Nazaré e a Proteção Civil Municipal. Este sábado, a autarquia já garantiu não existir novos casos, tendo confirmado os dois óbitos nos únicos dois infetados do concelho até à data.

Feitas as contas, pouco ou nada bate certo. A discrepância dos números tem provocado uma onda de polémica e insatisfação, principalmente entre os autarcas. Para piorar a situação, o Ministério da Saúde terá aconselhado os delegados de saúde para não comunicarem números locais da Covid-19, devendo restringir-se aos dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). 

“Entendo que esta é uma atitude incompreensível sobretudo quando têm sido os autarcas deste País os principais dinamizadores de ações concretas e assertivas junto das suas comunidades, na tentativa do cumprimento das regras emanadas pela Direção Geral de Saúde”, criticou o presidente da Câmara de Porto de Mós. “São também os autarcas, que no âmbito dum verdadeiro trabalho de equipa têm sido a parte da solução, quando de apoios e investimentos se trata”, sublinhou Jorge Vala, quando lhe foram vedados os números.

Também o presidente da Câmara de Alcobaça tem sido crítico em relação à divulgação dos números. “É necessário, mais do que nunca, uma relação de confiança entre o Estado e as autarquias locais”, sublinha Paulo Inácio, considerando que “deve haver o reconhecimento aos autarcas que estão a fazer o seu trabalho”. O chefe do executivo municipal pede a “georreferenciação dos casos” para que as autoridades, num contexto de vigilância, “possam controlar o isolamento dos cidadãos infetados”. “A GNR e a PSP não têm elementos suficientes para isso e o sigilo médico tem a importância que tem neste contexto de pandemia”, considera Paulo Inácio. 

Sobre o assunto, o presidente da Câmara da Nazaré garante que “até à data nunca lhe foi vedada qualquer informação”. Walter Chicharro releva, ainda assim, que “para os que têm de resolver os assuntos no terreno é importante ter o máximo de informação por parte das autoridades de saúde”.

Contactado pelo REGIÃO DE CISTER, o comandante operacional do Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria explica que os números divulgados no boletim chegam dos coordenadores das três unidades de saúde do distrito: o ACES Oeste Norte, o ACES Pinhal Litoral, e o ACES Pinhal Interior Norte. “Há dias em que ainda conseguimos compilar a informação e enviar à meia-noite, outros em que só conseguimos enviar de manhã. Depende de quando os dados nos chegam”, explica Carlos Guerra.

Então, como se explicam, por exemplo, as discrepâncias dos números do CDOS de Leiria e a Direção Geral de Saúde, que representam a mesma autoridade de saúde? “Sabemos que nem sempre os números batem certo e o problema reside no facto de não haver uma base de dados única, nem uma matriz única”, responde o beneditense, admitindo que essa diferença pode gerar alguma “desconfiança” dos números. E como se explica o facto de a Câmara da Nazaré e a OesteCim já terem confirmado dois óbitos por Covid-19 e no boletim do CDOS de Leiria o concelho não serem registadas mortes naquele concelho? “Ainda não há confirmação oficial de que essas duas pessoas morreram devido à Covid-19. Uma coisa é morrer com Covid-19 e outra é morrer devido à Covid-19”, explica o comandante. “Só depois do resultado post mortem é que o óbito é contabilizado ou não pelos coordenadores de saúde”, acrescenta.

Carlos Guerra defende ainda que deveria ter sido criada “uma única base de dados”. Como no próprio relatório da DGS não constam todos os dados, cada entidade vai fazendo a sua comunicação, com base nas informações prestadas pelos delegados de saúde. “O problema é que uns dão os dados à meia-noite, outros dão ao meio-dia, e assim nunca vai bater certo”, lamenta.

A não uniformização do sistema de registos, a desatualização e os atrasos na divulgação de dados, que se agravam quando o boletim é fechado à meia-noite e divulgado no dia seguinte, ajudam a explicar a divergência de números.

Segundo os municípios, a quem os delegados de saúde locais lhes dão os dados diários, existem à data 31 casos confirmados (cinco recuperados e um óbito) no concelho de Alcobaça, dez no concelho de Porto de Mós (dois recuperados e um óbito) e duas pessoas infetadas que já faleceram no concelho da Nazaré. 

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